quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UMBUNDU


Kuakala ukuenje umue okuti, omo kasolele upange wokulima, wavanja upange vocakati kolupale waye. Vokuenda kuoloneke, yu wainda lokulilongisa elimi lio'putu. Lo ame layo vo yafetika okuvokiya.
Eteke limwe, vokuenda okuñualañuala, wasokolola okulya osanji lovakamba vaye ko'nanya. Okwiya wosika ndona yaye hati:
 “Ó mulher, vou trazer meus migos. Tráta lá aquilo!” (eye kalongisa oputu yaco ku ndona).
Vokutiuka, weya apa lesanju, lesolo kumosi. Puãi hati ndivanjiliya pevindi, osanji alopo yeyi yivanja pevindi, kayapondelwe, kayatelekelwe.
“Mas, ó mulher”, osanji kwayitelekele?
Sio! - Ukai watambulula, lelyanjo.
“Mas eu não disse trata lá aquilo”?
 Oco mwele ndapanga. Omo okuti walinga heti tala tala kilu, ndasima siti ukuetu mbi wasakalala lombela. Oko mwele ndalaaaaña loku tala tala kilu, ndamuna wacinuma.

(Wasapuila ko kota lyange Rosa Ngueve Gociante Patissa)

PORTUGUÊS


Era uma vez um jovem que, por não gostar de ir à lavra, arranjou um emprego na urbe da sua localidade. E foi aprendendo a língua portuguesa com o tempo, o que veio a estar na base do aumento da vaidade.
Certo dia, enquanto saía para um passeio, entendeu que voltaria com os amigos para o almoço, dando à esposa a seguinte orientação:
Ó mulher, vou trazer meus ‘migos. Trata lá aquilo! (ensina já a língua portuguesa à coitada da mulher, nada!).
Voltava, alegre, com aquela água na boca de quem espera degustar uma “galinha gentia” bem guisada, e tal… Só que, para a sua surpresa, a galinha continuava no canto, viva, não guisada.
Mas, ó mulher, não cozinhaste a galinha?
Não! – respondeu, nas calmas, a mulher.
Mas eu não disse trata lá aquilo?
Foi isso mesmo que fiz. Passei o dia a espreitar o céu, ainda pensei que tivesses alguma paranóia com a chuva. Tal como mandaste (tala tala kilu), não fiz outra coisa o dia todo.

(Chegou-me através da irmã mais velha Rosa Patissa)


quarta-feira, 29 de setembro de 2010


"ohombo yinyaña
nda kayivanji opapelo
yivanja onuku"

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


Ndopo mwele eci ndamola voviluviavia vyo TPA okuti, pocitanda catyamela ko União dos Escritores Angolanos, citava okulanda elivulu lyange lyolosapo, halyo lyalinga lyavali.

Nda okasi voLuanda, kukalikape owesi, akamba, vokiya ko kendo lyove lyalivulu, vokiya ko kukulihiso woviholo vyetu.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Retomo a questão: por que não aprendemos com a dívida?


“Dívida”, enquanto termo isolado de qualquer contexto, é aparentemente ambíguo, definido pelo Dicionário Universal (Texto Editores, 2006) como “aquilo que se deve; obrigação”.

Para a habitual reflexão digestiva pós-jantar, interessa abordar o “fenómeno dívida” no campo das relações sociais numa perspectiva de angolano do grupo étnico Ovimbundu, também de origem Bantu. Em Umbundu, o termo é "ofuka", que implica específicamente dívida material (em bens ou dinheiro, passe a redundância), sendo que pagamento é "ofeto".

É consabido que cada língua veicula uma cultura, o que entre outras formas é visível nas parábolas, máximas e provérbios. Nesta ordem de ideias, diríamos que, entre os Ovimbundu, a dívida tem conotação negativa, seja entre indivíduos ou entre colectividades. Ou digamos, a advertência proverbial contra a dívida é mais sonante do que o seu enaltecimento, senão vejamos os seguintes provérbios:

- “Pesinsa panyale ongolo, pukamba panyale ofuka” (o joelho dá cabo da esteira, a dívida dá cabo da amizade); e ainda
- “Olevalisa eye onjaki” (aquele que empresta é brigão).

Ciente embora do inevitável subjectivismo, socorro-me da observação e background para ressaltar que, via de regra, somente no momento da devolução é que se ouve a máxima favorável à dívida, como forma de retribuir o agradecimento de quem foi favorecido:
- "Ovê, tuapandula calwa okacina kana"! (Queria dizer muito obrigado por aquela coisa!)
- “Acimwe ko! Walevalisa, wasolekisa” (De nada! Quem empresta, reserva).

Sendo também verdade que do imposto e da dívida o homem, enquanto ser social, não se livra, importa levantar algumas questões para continuar a reflexão (e por que não o debate?): que mito explica tal associação directa de dívida a problemas entre os Ovimbundu? Será algum sintoma de pouco sentido moral dado à palavra no acto do acordo de cavalheiros, já que os contratos escritos surgiram mais tarde? Será uma forma de atenuar o impacto da decepção, uma forma de “guerra avisada não mata”? Trata-se de um exercício de carácter especulativo que não pretende outra coisa senão contribuir para a reflexão, ressalte-se.

Seja qual for a resposta para as perguntas supra levantadas, não se pode negar que a dívida tem um grande potencial no desgaste das relações sociais e interpessoais, sobretudo quando o devedor não dá sinais de preocupação. Nestes casos, ou partimos para a pressão activa, ou nos resta esperar que o devedor se lembre da existência da moral e ouça a sua consciência, o que, em último caso, é que diferencia os homens de javalis, macacos e a restante variedade de animais irracionais.

Gociante Patissa, Benguela 16 Julho 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Ofeka yinene, nda okasi mo lesunga" - (A Terra é grande, se vives nela usando a razão)

Kota liange wayipopia-de minha kota

domingo, 11 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ekumbi liaenda - Está a ficar tarde

Esapulo: Ana weya konjo yatiyu yaye, mwele yonjo oko asangiwa. Valisula osimbu. Omo liaco, eye oyongola okuyeva ulandu weya la cimumba, Ana vo olavoka okuyeva ekalo liepata lyatiyu. Puãi, ndomo catuwa oviholo (capiala kulo kombaka), ukulu eye ofetika ko lohango:



Tradução da introdução: Ana chega à casa e encontra seu tio em casa. Há um bom tempo que não se viam. Por isso, ele quer saber novidades da sobrinha, e ela o mesmo. Mas como manda a tradição (pelo menos na maioria dos casos em Benguela) é o mais velho quem dirige o principio da conversa:


Sesa [sé-ssah] – Da-me licença


Ewa [eh-wá] – Sim.


Omangu yeyi – está aqui a cadeira.


Ndapandula – obrigada.


(Por influência do povo Vacisanji, oriundos do município do Bocoio, geralmente a pessoa toma o assento e só depois iniciam a conversa)


Mbo ndia, tio –


Mbo ndia a Ana


Omwenyo wenda? – Como vai a vida?


Wenda ciwa – Vai bem.


Omwenyo wene wenda? – E a vossa? (Nota: como é sempre previsível que um adulto tenha família constituída, se não directa pelo menos indirectamente, então procura-se saber deles no plural).


Wapitila ale osimbu? – Já chegou faz tempo?


Sio. Ndopo mwele – não, agorinha mesmo.


A tiyu, etali kuandele kupange? – o tio não foi ao serviço hoje?


Sio, eteke liange liokupuyuka – é meu dia de descanso (nota: no script convencional para as línguas bantu, o “s” entre vogais não tem o valor de “z”, do mesmo modo, o “g” nunca tem valor de “j”. Outra curiosidade, em Umbundu não usamos a letra “r”).


Tiya yove wasia okakulia. – A tua tia deixou alguma comida.


Oco [ótcho] a tiyu – está bem, tio.


Oyongola ohita l’ombisi, ale ombolo locisangwa? [oyongola ohíta lombissi, ale ombolo lotchissangua] – Queres funji com peixe, ou pão com quissangua?


Mbi ohita mwele – pode (ou deve) ser funji mesmo.


Algumas horas depois de muita “fofoca”.


A tiyu, ndenda yapa – tio, vou já.


Enda ale? – já vais?


Oco[otcho], ekumbi liaenda – Sim, está a ficar tarde.


Kwende ciwa![tchiwa?] – Vai bem, sim?!


Ndapandula. Sala po ciwa! – obrigada. Fica bem!


Kavalamise po! – Leva-lhes minhas saudações!


Oco. Valamisapo vo – Farei presentes. Saúda também os outros (de cá).
...................
Kulisaña kapui! - Até breve!
Gociante Patissa, v'Ombaka

terça-feira, 16 de março de 2010

"Vomela wukuene kusikila mo ovilua" (não se pode assobiar com boca alheia).

"Pesisa panyale ongolo, pukamba panyale ofuka" = O joelho dá cabo da esteira, a dívida dá cabo da amizade.

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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