terça-feira, 27 de dezembro de 2016

1. NOTA PRÉVIA


Você já ouviu a expressão «no tempo do Caprandanda?» É provável que sim, apesar do seu erro crónico. O correcto seria grafar Kapalandanda, pois não temos «R» na língua Umbundu, ao passo que o «C» é pronunciado [t∫i], e como tal diferente de «K».

Como veremos mais adiante, a história de Angola pode estar a cometer uma injustiça por omissão, relativamente ao papel heróico da figura do sul que atende pelo nome de Kapalandanda. A dúvida académica que fica é: que critérios foram usados para enaltecer Mandume, Lueji, Njinga, Ekwikwi e entretanto nada se dizer oficialmente de Kapalandanda? É que para além de ser personagem de um tema de evocação no cancioneiro Umbundu, de si muito explorado até 1991 enquanto trilha sonora pela Vorgan [Voz da Resistência do Galo Negro], rádio da Unita [então forças rebeldes na guerrilha], pouco ou nada da figura de Kapalandanda se passava de geração em geração.

A minha adolescência foi marcada por um quadro complexo no Lobito, onde a residência se confundia com dependências das administrações comunais da Equimina e Kalahanga (não ao mesmo tempo). Como a circulação de pessoas e bens era mediante guias de marcha, “trabalhei” como dactilógrafo do meu pai, na sua condição de Comissário e/ou Administrador Comunal, mas sobretudo como pombo-correio da correspondência familiar entre Lobito, Catumbela e Benguela, na maioria destes casos até… a pé.

A exposição à propaganda despertou cedo o meu interesse de observador da política (talvez se deva a isso o facto de me ser hoje inócua). Evidentemente, havia parentes que (às escondidas) não alinhavam com o Mpla. Estamos a falar entre 1988 e 1991. Calhava encontrar este ou aquele a ouvir a Vorgan, com o volume baixinho. A trilha sonora dizia: «Kapalandanda walila / walilila ofeka yaye/ kapalandanda walila /eh/ walilila ofeka yaye»  (Kapalandanda chorou / chorou pela sua Terra/ Kapalandanda chorou / oh/ chorou pela sua Terra). Mas quem foi ele e chorou porquê? GP

2. AGORA O PERFIL DE KAPALANDANDA E SUAS FAÇANHAS:

Reproduzimos a seguir, com pequena adaptação do blog www.ombembwa.blogspot.com, o valioso contributo de Carlos Duarte, publicado no «Jornal o Chá», da Chá de Caxinde, Nº 10 - 2ª série, Luanda, Abril/Maio 2014:

«Kapalandanda era sobrinho do Soba Kulembe, da Catumbela. Ia ser Soba. Agiu de 1874-1886. Adolescente, ganhou fama por ter morto sozinho um leopardo que andava a comer as cabras (…) Ainda jovem, inconformado com a passagem e estadia de caravanas de (…) comércio, levando panos e sal para o Huambo – Bailundos – e trazendo borracha, cera, mel e marfim – sem pagamento, pediu uma audiência ao Soba, seu tio, e aos sekulus, onde tentou convencê-los a que fosse cobrada uma taxa – «Onepa» - a essas caravanas. O Soba, acomodado e com medo da reação dos colonos, não concordou. Kapalandanda então reuniu um grupo de guerreiros e foi para o mato, armar emboscadas e assaltar as caravanas, cujo produto, confiscado, era em parte distribuído pelos kimbos do sobado.

Quando os colonizadores tomaram conhecimento, foram falar com o Soba para que tomasse providências e acabasse com essa resistência. O Soba reuniu os melhores guerreiros e ordenou-lhes que fossem pegar Kapalandanda. Mas o resultado foi o contrário do previsto. O grupo de Kapalandanda dominou e derrotou fácil os guerreiros de Kulembe. Os colonizadores resolveram então fornecer armas de fogo o Kulembe, acreditando que, com essa vantagem, acabariam com o grupo guerrilheiro.

Mas Kapalandanda, agindo como um Robin Hood angolano, tinha já granjeado a simpatia de grande parte dos kimbos do sobado; então, emissários dos kimbos saíam para avisá-lo da movimentação das forças de Kulembe, o que lhe deu condições de espera-las para o confronto, em local que lhe era propício, anulando assim a vantagem das armas de fogo.

Uma vez mais a tropa de Kulembe foi derrotada, e Kapalandanda ficou melhor armado. Os colonizadores resolveram então enviar uma companhia de tropa portuguesa, comandada por um capitão de nome Almeida, para submeter Kapalandanda. O encontro deu-se no Sopé do Passe. O grupo de Kapalandanda saiu derrotado e ele levado preso, primeiro para o Forte da Catumbela, e depois para S. Tomé.»

Ao ler este relato de Duarte, evidente se torna que a história de Kapalandanda merecia ser mais divulgada, o que representaria um importante precedente pelo levantamento de mais bravos filhos que deram a vida para chegarmos a Angola independente.

Gociante Patissa, Benguela, 24.12.15 (Foto ilustrativa)
www.angodebates.blogspot.com

PS:
EIS O KAPALANDANDA (Na sequência do debate)
Recorte acabado de receber do amigo Tomás Gavino Coelho, dizendo o seguinte: «Este escrito é do benguelense Augusto Thadeu Bastos (1873-1936), e descreve como o Kapalandanda era visto pelo poder colonial. Abraço e boas entradas!»


domingo, 25 de dezembro de 2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O velho estava velho, muito velho, logo doente. Para ser confirmado inerte, só lhe faltava parar o fôlego. Vendo bem, aquilo até podia ter outro nome, respirar é que não era.
Humilhante o que a velhice faz! É que a pessoa já não é pessoa… Onde é que já se viu um rei que usa bacio?! Até em aldeias frequentadas por tigres, hienas e leões, os homens fazem as necessidades longe dos olhos da família: ou atrás da montanha, ou protegidos pela noite. Mas o caso dele era pior, já que desapertava mesmo nas calças, logo um soberano… A sorte era ter bonsvasekulu-vonjango[1] e akwenje-velombe[2] que sustentavam as aparências.
Um ano naquela situação, era inevitável a substituição. E o herdeiro tinha de ser alguém com ligação consanguínea ao soberano, seguindo os paradigmas do poder real. Havendo descendentes, a cadeira não passa para outra família. Ora, tendo filhos machos, estava fora de questão cooptar um sobrinho da linhagem matrilinear, que alguns costumam julgar mais legítimo do que o próprio filho, na desconfiança de que só a mulher conhece em bom rigor o verdadeiro autor da gravidez (mas é melhor não irmos por aí, que isso é maka para outros contos que não este).
O soberano tinha três lares e um bom número de filhos mas, na hora de sondar o sucessor, foi prioridade a casa mais-velha, a da primeira mulher. Teoricamente fácil, mas difícil na prática, pois havia dois filhos varões com a mesma idade, porque gémeos. Normalmente, é mais-velho o que sair primeiro, e ganha o nome de Njamba[3]; o segundo é Hosi[4]; o terceiro, caso se chegue a tanto, é Ngeve[5]. Costuma-se contar com a perícia da mãe em colocar sinal para os distinguir. Mas, oh tragédia, ela fez o trabalho de parto sem assistência, tendo perdido os sentidos a dado momento e com eles a certeza da ordem de nascimento.
Urgia o desempate para o êxito do ciclo milenar. Como? E lá surgia detalhe de peso para um dos gémeos que, recordo, nada provava que fosse o Njamba. Tinha, sim, uma namorada, cujos pais gozavam de boa reputação, portanto virtualmente com estatuto de casado. Uma vez identificado o sucessor do Rei, aos conselheiros cabia a missão de o formatar, não obstante a irónica fatalidade de não terem sangue nobre nas veias e, por conseguinte, virem a ser súbditos de franganote.
No ano seguinte, a investidura do Rei-filho durante o varrer de cinzas, sete dias após o funeral. Das três ovimbumba[6], a primeira permaneceu naOmbala[7], junto dos filhos. As demais foram devolvidas em cerimónia própria às respectivas famílias, uma espécie de fim de mandato. Eram muito novas, é preciso dizê-lo, e seria escândalo se viessem a ser cortejadas ali. Isso é que não!
Cacimbos e remoinhos dissolvem lágrimas, todas elas, e amainam corações. Cada colheita traz um novo ano, enquanto nos contos e nas canções ganha a cultura. Conversa é a chuva nos trilhos da enxada para bagres de rios e lagos, a semente, o trabalho, a esperança, enfim, a vida que continua.
Quanto mais deslindasse os bastidores do poder, mais inconstante a sensação de realizado. Nem as duas décadas no trono impediam o Rei de viver, às vezes, o reflexo do bambu, em que o diâmetro aparente é proporcional ao vazio interior. E tinha as suas razões. Uma delas era a incerteza da ordem de nascimento, que ditaria quem dos gémeos o mais velho e sucessor. Teria usurpado a predestinação do irmão? De nada adiantava culpabilizar a mãe, cuja perda de sentidos no momento do parto causara tão fatal incerteza. Incomodava-lhe, por outro lado, e talvez em maior grau, uma máxima em particular: «kapiñala ka lisoki la mwenle[8]».
Em salas pequenas, o professor domina a turma, o que não garante determinar de que bunda vem cada peido. Um Rei domina a aldeia, sem que possa localizar precisamente de que boca vem cada má-língua. E as inúmeras madrugadas de insónia levaram o soberano a pensar, a propósito e a despropósito, até brotar uma estratégia de gestão que viria a revolucionar o Reino. Uma vez achada, coube aos assessores convocarem uma espécie de comício.
Na data marcada, os aldeões iam chegando à praça. Nunca são poucos. Mas já o Rei estava debaixo da mulemba, alimentando pelo facto certa especulação, pois era antes de o sol raiar, a hora combinada.
— Serei breve, ó aldeia do meu sangue. — justificou-se o Rei, um tanto misterioso, ao tomar a palavra. — Tenho andado pelas lavras e não pensem que não sinto a alegria do êxito do cultivo. Ninguém lamenta a falta de peixe do rio nem de carne de caça, é porque também estamos bem. Há dez anos e tal que não amarramos gatuno. A nossa aldeia é um espelho de água. Ainda assim, algo me fere o coração. Desde os nossos ancestrais que, na Ombala, a única morte que conta é a do Rei. Será justo?! São os conselheiros que fazem um Rei ao longo das sucessões. Se assim é, está na hora de os homenagearmos!

A assistência não sabia definir o que sentia, pois nunca ninguém ousou pensar até ali. De modo que custava antever aonde o Rei queria chegar. E este continuou:
— Vamos dar o descanso merecido aos nossos vasekulu-vonjango. Duas vezes por semana, pelo menos, é organizar onjuluka[9] para cultivar nas lavras dos nossos vasekulu. Ouvi também que um deles quer casar mais uma mulher e não tem casa. Então, como sempre fazemos, os homens nos adobes, as mulheres no capim e na água e na comida. É ou não é?!
— Éééééé! — ouviu-se a aldeia em coro, satisfeita pelo nobre gesto, mas foi de pouca dura, uma vez que o Rei continuou:
— O mbwale[10] Kataleko vai cuidar do património! — a plateia reagiu com estupefacção, pois tratava-se de um surdo-mudo. Como prestaria contas, se não sabia ler? — Mbwale Ngandu é o conselheiro! — as palmas não conseguiam abafar os cochichos. O nomeado era cego. Como diferenciaria manhã de tarde, nos dias em que faltasse a quentura do sol? — Mbwale Simbwokemba vai cuidar da ordem! — e lá estava outra vez a aldeia a resmungar. Como aplicaria bofetadas correccionais, sendo ele paralítico dos membros inferiores? Pediria ao réu para abaixar?

Se era impensável contrariar abertamente, não se conseguia porém tomar como normal a nomeação de um conselho da Ombala formado na íntegra por ovifeto (rascunhos na língua Umbundu). Pessoa com deficiência fora sempre vista como ocifeto (obra inacabada). Raramente chegava a casar. O ancião Ndya-Ngenda, que nutria mais amor pelo kaporroto do que pelas suas duas mulheres, era impecável em conversas paralelas, quase sempre inconvenientes. A cada surpresa, um franzir de testa e um provérbio de repulsa. «Ocilema vacitaisa, ka vawutola[11]».
Nos protestos alinhavam também, de corpo e alma, progenitores de rascunhos. Mas virulento como o ancião Ndya-Ngenda, não havia. Veio dele este boato: «Soma wakava okuyeva kowiñi, oyongola okuyevelela kongolo[12]». Especulava-se que ao Rei ficaria facilitada a usurpação do património, a cargo de um surdo-mudo, porquanto, e outra vez recorrendo à força destrutiva de um provérbio, «camanle calinga eti mbanje, ka calingile eti mopye[13]». Ao conselheiro faltariam fundamentos para criticar; «ocili viso[14]». Por outro lado, «U kwendi laye ka kukutila ko epunda[15]», daí o paralítico.
O Rei, inspirado num daqueles sonhos reveladores que só aos nobres calham, seguia apenas a recomendação de ter o mais expressivo simbolismo para o exercício assertivo do poder: de vez em quando, um líder precisa de experimentar a cegueira para superar seus medos, da paralisia para a prudência na tomada de decisões, e fazer-se de surdo-mudo para a diplomacia e cortesia. Era isso.
Os percalços da inovação eram logo visíveis no começo das actividades do recém-eleito Conselho da Ombala. Desde que mundo é mundo que os seres humanos estão condenados a minimizar as suas fraquezas, logo com eles não era diferente. Às vezes, com a força dos copos, ficava a nu o revanchismo. Para o cego, o surdo-mudo era inútil, por colocar gestos no lugar das palavras, como se também conseguisse captar movimentos e arco-íris na largura dos olhos. O paralítico julgava-se o maior de todos, na altura que o busto lhe permitia. O surdo-mudo achava despida de sentido a vida, sem ver nem correr. E da Ombala, a rivalidade espalhou-se pelos rascunhos mais anónimos, crescendo as chacotas e a rabugice por conta do favoritismo das famílias.
Tinha chovido a noite inteira. No kimbo, depois da chuva, aos olhos do velho de chapéu, as gaivotas são outras crianças, com a vantagem apenas de andarem mais perto do céu. Manhãs assim, não há como não serem inspiradoras. O Rei dirigiu-se aos conselheiros:
— As mulheres têm a mania de achar que os homens são péssimos cozinheiros, não é isso?
— É sim, ó mais-velho. — anuíram os três em simultâneo.
— Pois, hoje vai ser um dia diferente. — anunciou o Rei. — Vamos almoçar ohita[16] com ocipoke[17] e efwanga[18]. Cada sekulu se encarrega de uma panela. Temos os ingredientes, a lenha, o petróleo e o isqueiro, as panelas de barro também. Portanto, cada um vai preparar a lareira, de uma pedra apenas. É para essas mulheres nos respeitarem.

No fim da tarde, apresentaram-se ao Rei, envergonhados e esfomeados. Fora um fiasco a incumbência. Impossível cozinhar na lareira de uma pedra de apoio apenas. Perceberam então que o poder é uma panela ao lume, que exige equilíbrio entre as três pedras sobre as quais assenta.
Unindo os rascunhos da Ombala, uniam-se os demais. Desde então, vêm conquistando a sua dignidade. Mas não faltam lugares, neste mundo do agreste, onde tarda chegar o exemplo do Reino dos Rascunhos. E de como a luta nasceu, o Rei não esquece nem recalca.

Gociante Patissa, in «Fátussengóla, O Homem do Rádio que Espalhava Dúvidas» (pág. 33-40). GRECIMA. Programa Ler Angola. Luanda, 2014


[1] Anciãos conselheiros.
[2] Milícias.
[3] Elefante.
[4] Leão.
[5] Hipopótamo.
[6] Viúvas.
[7] Aldeia do Soba grande; sede da autoridade tradicional e tribunal.
[8] Substituto é inferior ao dono.
[9] Trabalho colectivo voluntário.
[10] Ancião (enquanto título).
[11] Que o aleijado nasça na família, não se acolhe de outrem.
[12] O Rei fartou-se de ouvir o povo, agora quer conselhos do seu próprio joelho (ditadura).
[13] Coisa alheia é para ver apenas, não para falar.
[14] Verdade é o que for visto.
[15] Não te prepara a trouxa quem contigo não viaja.
[16] Funji.
[17] Feijão.
[18] Folhas de mandioqueira, iguaria conhecida também pelo nome Kimbundu de kizaka.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

UMBUNDU: olombwa viñami otekula/ osimbu okuti olosiwe vitala ohali?/ Olongato viñami otekula/ osimbu okuti ovilema vipinga osimõlã? Viñami otekula/ osimbu okuti olosuke vifila voluwa? (...) Tulavoka Suku yokilu/ una wakulihã cilyalya olosiwe/ ovilema/ olosuke"


MINHA TRADUÇÃO: quantos cães estás a criar/ enquanto vários órfãos passam necessidade? Quantos gatos estás a criar/ enquanto pessoas com deficiência andam a pedir esmola? O que mais estás a criar/ enquanto os mendigos morrem ao relento? (...) resta-nos esperar pelo Deus do céu/ aquele que conhece o que alimenta os órfãos/ pessoas com deficiência/ os mendigos.

“A kamba lyange/ota!/  tupapaleko” (Oh, meu amigo, vamos ao menos divertir-nos)
“Ame/ pwãi/ tê ndalikapako komanu” (Eu tenho de valorizar as relações humanas)
“Halivolela” (O meu corpo está destinado a apodrecer)
“Eteke ndifa /ame / halivolela” (Quando eu morrer, tudo apodrece)
“Nda ndakaile okambisi” (Se eu fosse um peixe)
“ Nda wamiñako” (consolar-te-ia a possibilidade de reforçar a tua refeição)
“Nda ndakaile ongombe” (Se eu fosse um boi)
“Nda watyulako” (um pedacinho do meu corpo ao menos aproveitarias)
“Eteke ndifa /ame / halivolela” (Quando eu morrer, tudo apodrece)
“Unyamo wumwe/ ndamwinle owima” (Houve um ano em que vi azar)
“Ame handi sa file” (Eu não tinha morrido ainda)
“Omunu okupita Olisiyala” (Mas alguém, ao passar por mim, cuspia de escárnio)
“Ndalehã ongongo/ weh/ Ndalehã ongongo” (Eu cheirava a sofrimento/ oh/ cheirava a sofrimento)
“Oco / pwãi/ tê ndalikapako komanu” (Por isso, eu tenho de valorizar as relações humanas)
“Halivolela” (O meu corpo está destinado a apodrecer)

“Eteke ndifa /ame / halivolela” (Quando eu morrer, tudo apodrece)

sábado, 26 de novembro de 2016

"Umbumba wanangeleka
Okukwela ekongo, etali ndaniã!
Olonjele vyanomã kosungu yevele weh"

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Tentativa de tradução: 
no desespero de solteira, meti-me no azar de me casar com um velho. Até me dói o mamilo da picada da barba dele.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

UMBUNDU | Ondimbu 
PORTUGUÊS | O símbolo
ENGLISH | The symbol

terça-feira, 15 de novembro de 2016

UMBUNDU | Ovo vakwela, vafetika omwenyo wokaliye 
PORTUGUêS | Casaram-se, deram início a uma vida nova 
ENGLISH | They got married and started a new life

segunda-feira, 14 de novembro de 2016


domingo, 13 de novembro de 2016


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

«Ombweti yateka.» Esta expressão Umbundu, que se pronuncia tal como se escreve, significa literalmente que a bengala está partida. Emerge do sentimento de perda e o consequente vazio que deixa a fonte de apoio. Em alguns meios, não se imagina o dia-a-dia de um homem sem ter consigo sempre presente uma faca e um pau (aqui homem entendido antropologicamente como macho, a quem a sociedade atribui, entre outros, o papel de protector). Do ponto de vista alegórico, podíamos dizer que ela remete originalmente à relação de pertença/dependência do ser humano para com a natureza, à qual vai buscar um pedaço inerte para se equilibrar diante do risco de tombar. O ser humano não é se não pertence. Esta explicação poderá não fazer muito sentido a quem já domine profundamente a língua, conhecendo o contexto inequívoco em que se justifica a utilização da expressão «Ombweti yateka». Mas alguns de nós só a ouvimos pela primeira vez enquanto trecho de uma música de pranto, de Justino Handanga, onde o artista chorava a morte de Valentim Amões, o empresário que mais se sensibilizava com a carência profissional dos músicos do Huambo. Concluindo, a expressão «Ombweti yateka» é usada para dizer que perdemos a pessoa que nos servia de refúgio. Lembrei-me disto a propósito de Valeriano Manuel, 63 anos, o último em vida dos seis filhos do velho Manuel Patissa. Nada mais restou. «Ombweti yateka».
www.ombembwa.blogspot.com

sábado, 5 de novembro de 2016

"Ndingende / ñwete ombweti/ yapama/ Oyo ekolelo lyange / ñwatelela kombweti yange/ nuñamenlã kohunyã yange / ovitangi / ka vi ka nateke / ndingende /ndisya olwali"
TRADUÇÃO

Sou caminhante / tenho uma bengala firme / é a minha fé / apoio-me na minha bengala / socorro-me da minha moca / que os problemas não me estorvem / sou passageiro / estou fadado a deixar o mundo

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Eci pakapita osimanu okuti umwe ulume wainda lokutila kupange, ceya petosi lyokutundisiwa. Eye wakasanda cimbanda covosipitali oco opitise ocicapa ndamunu akala lokuvela. Cimbanda weya okulinga eti epingilo lyaco lyuvalula kutima, omo okuti ha yo ko onjila alongiwa layo vulandu wokulilongisa ukulihinsõ wokusakula. Eye ulume walinga eti civalula vali enene ceci nda ka tukwatisa vana vasaka. Eci pakapita akwim vatatu kwakukutu, cimbanda walawulula okuti emenlã lyo cita kolo Dolares (USD 100) ha lyocili ko. Noke wavilikiya lenyeño lyalwa: “Ove okanyihã emenlã lyolombongo lyensanda?!” Ukwavo watambulula okuti: “Ocicapa wanyihã censanda vo…”   www.ombembwa.blogspot.com

PORTUGUÊS

Humor | TUDO POR IGUAL
Depois de faltar uma semana ao trabalho e confrontado com ameaça de despedimento, o cidadão vai ter com o médico e implora por uma justificação médica. O médico em princípio diz que tal proposta é insultuosa por colocar em causa os seus valores éticos. O cidadão convence o médico argumentando que não há valor ético superior a salvar quem sofre. Passados trinta minutos, o médico nota que a nota de cem dólares paga era falsa. Chama o cliente de volta, muito chateado. "Caramba, meu! Você me dá um dinheiro falso?!" Ao que o outro automaticamente reponde: "mas do documento também era falso..."

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

1.
UMBUNDU | Kefetikilo, ovo valisanga vokololo
PORTUGUÊS | No começo, encontraram-se na rua
ENGLISH | It all started as they met on the street
2. 
UMBUNDU | Eye wosapwila olondaka visonsa vokañunuñunu petwim
PORTUGUÊS | Ele segredou-lhe doces palavras ao pé da orelha
ENGLISH | He told her sweet secrets by the ear
3. 
UMBUNDU | Okwiya vafetika okuliyonja
PORTUGUÊS | A seguir começaram a seduzir-se
ENGLISH | Next they started seducing each other
4. 
UMBUNDU | Noke valisisita
PORTUGUÊS | E depois acariciaram-se
ENGLISH | Then they touched each other


UMBUNDU | Ndipato ame?
PORTUGUÊS | Pato, eu?
ENGLISH | Am I a duck?

UMBUNDU | Nda pamwe paywa, okulisuya
PORTUGUÊS | Se a coceira se manifesta, há que coçar
ENGLISH | If you feel sort of itching, then you scratch

domingo, 30 de outubro de 2016

UMBUNDU | eteke twatundile okukulihinsa imbo lyo Mainz, vofeka yo Alemanha, muna kosimbu umwe ulume londuko ya Gutenberg asovola ovikete vyokumyoñolõlã volwali wosi upange wo "imprensa".

PORTUGUÊS | excursão turística à cidade de Mainz, na Alemanha, onde no passado um homem chamado Gutenberg inventou a prensa, a máquina que viria a revolucionar na história universal a indústria da imprensa.

ENGLISH | excursion to the city of Mainz, in Germany, the land of a man named Gutenberg, who invented a machine that turned out to be a revolution in the world printing industry. 

Umbundu | Ukongo wovitanda
Português | O caçador de feiras
English | The trade hunter

sábado, 29 de outubro de 2016


sexta-feira, 28 de outubro de 2016

UMBUNDU | Avala vo Lisboa vokuloka kwombela vetukutuku
PORTUGUÊS | As cores de Lisboa da pela chuva do pára-brisas
ENGLISH | Lisbon colours from a rainy windscreen

quarta-feira, 26 de outubro de 2016


UMBUNDU | Ulala wovyendelo vyowiñi wendisiwa ciwa mwalupale vocifuka co Europa.
PORTUGUÊS | Os transportes públicos são eficientes em cidades do continente europeu.
ENGLISH | Public transports system is efficient throughout the European continent cities.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

UMBUNDU | Okupita vo lupale wo Lisboa, ko Putu, vungende wokutyuka konjo, ndalisangapo lovakamba vange. Cakala esanju lyalwa!

PORTUGUÊS | De passagem por Lisboa, em Portugal, já no percurso de regresso à casa, encontrei-me com as minhas amigas. Foi uma alegria enorme!
ENGLISH | Passing through Lisbon in Portugal, in my trip back home, my friends were there to see me. It was such a great joy!


UMBUNDU | Olwi wupita vokati kolupale wo Frankfurt
PORTUGUÊS | O rio atravessa a cidade de Frankfurt
ENGLISH | The river runs through the city of Frankfurt

UMBUNDU | Ulume ukwesanju volupale wo Frankfurt

PORTUGUÊS | O simpático cavalheiro de Frankfurt
ENGLISH | The Frankfurter friendly gentleman

sábado, 15 de outubro de 2016

Modelo: Kajim Ban-Gala (escritor angolano)

Modelo: Kajim Ban-Gala (escritor angolano)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

terça-feira, 20 de setembro de 2016

"KOPITULE, OCO WOLALEKELE" (adágio Umbundu) - passar por casa de alguém para com este caminhar, é porque houve convite prévio.
TENTATIVA DE ENQUADRAMENTO: A consideração e a confiança, que nos permitem incondicionalmente contar com alguém, cultivam-se.
Salipo ciwa (passem bem)

sábado, 17 de setembro de 2016

PROPOSTA DE TRADUÇÃO: Ao passares pela árvore cujos galhos te arrancaram da cabeça o chapéu, inclina-te.
ENQUADRAMENTO: Há que aprender com a experiência do passado e prevenir consequências negativas.

 "OHOMBO YACITA UTEKE, OCIVALO TUTALA LOMENLE" - (adágio Umbundu) - pariu a cabra de noite, é pela manhã que descortinamos a aparência do filhote).
Enquadramento: geralmente, é um apelo à paciência em caso de dúvida, no sentido de que a verdade vai, mais tarde ou mais cedo, emergir.

"CAVONGA KEPYA, KAPULE KIMBO" (adágio Umbundu)
PROPOSTA DE TRADUÇÃO: Ao fraco desempenho na lavoura, vá questionar a aldeia.
ENQUADRAMENTO: A energia no ambiente do lar (condição psicossocial do indivíduo) costuma ser determinante para o êxito/fracasso no desempenho de tarefas profissionais.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O serão é o momento cultural mais formal entre os ovimbundu. É praticamente um dogma, só de noite é permitido contar estórias e adivinhas. Diz-se mesmo que quem o fizer durante a luz do dia corre o risco de lhe nascerem chifres (nada relacionado com o sentido de traição). Cá por mim, julgo que será uma estratégia de o entretenimento não prejudicar o horário do labor. Alguém então propõe, por exemplo:
"Alupolo!" (minha adivinha!)
"Wiye!" (Venha!)
"Nditãi kesinya, ndinyanyomõlã alensu." (Encontro-me na outra margem a abanar lenços.)
"Ina yukwene, nda enda epenle, ku koyole." (Se a mãe de outrem está em carência de vestuário, não te rias dela)

E a roda do diálogo gira com tudo o que de metafísico se reveste, vista a tendência de serem os mesmos contos e fábulas cantados, adágios e adivinhas, mas que, entretanto, não perdem o poder de suscitar o mesmo respeito, medo, fantasia e vontade de voltar a ouvir.
"A metáfora é um poema em miniatura", como muito bem a caraterizou Monroe Beardsley, citado por Paul Ricoeur (no livro Teoria da Interpretação, o discurso e o excesso de significação, edições 70, Lisboa, Portugal, 2009)
Ovilamo! (cumprimentos)
Gociante Patissa, Benguela 14.09.2014

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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