quinta-feira, 26 de julho de 2012


"Lembro-me de um episódio interessante com uma amiga do Ghana. Ela perguntou-me qual era a língua africana que eu falava e eu disse que nenhuma. Ela perguntou qual era a nossa língua e eu disse português. E ela disse: “Sim, sim, mas isso é a língua oficial. Mas depois existem as línguas de Angola. Qual é a língua que tu falas?” E eu respondi que nenhuma. E ela disse: “Como é que tu queres ser africano? Só porque nasceste lá?” Eu quis justificar que nós, em Angola, procurámos destribalizar, dar uma noção de unicidade, de identidade comum. Mas, ao mesmo tempo, não podia negar que era prejudicial relegar as nossas línguas ao esquecimento e não termos aprendido mais esse elemento cultural que nos identificasse. Senti-me um bocado diminuído perante os meus colegas africanos."
Luaty Beirão, in «Maka Angola»


Nota Ombembwa: Essa desculpa de unicidade para justificar a negligência institucionalizada (e também individual) relativamente ao investimento no estudo/estruturação/ensino e aprendizagem das línguas nacionais é uma mentalidade que não devíamos ensinar às crianças. Triste, só reflecte a visão domi(alie)nante. Os namibianos, que têm quatro línguas nacionais por aí, a par do Inglês, são mais ou menos unidos por isso? Por que o haveria de ser em Angola, só porque os movimentos de libertação tinham como base de apoio as regiões geográficas e étnicas da sua fundação?

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Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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