«Ombweti
yateka.» Esta expressão Umbundu, que se pronuncia tal como se escreve,
significa literalmente que a bengala está partida. Emerge do sentimento de
perda e o consequente vazio que deixa a fonte de apoio. Em alguns meios, não se
imagina o dia-a-dia de um homem sem ter consigo sempre presente uma faca e um
pau (aqui homem entendido antropologicamente como macho, a quem a sociedade
atribui, entre outros, o papel de protector). Do ponto de vista alegórico,
podíamos dizer que ela remete originalmente à relação de pertença/dependência
do ser humano para com a natureza, à qual vai buscar um pedaço inerte para se
equilibrar diante do risco de tombar. O ser humano não é se não pertence. Esta
explicação poderá não fazer muito sentido a quem já domine profundamente a
língua, conhecendo o contexto inequívoco em que se justifica a utilização da
expressão «Ombweti yateka». Mas alguns de nós só a ouvimos pela primeira vez
enquanto trecho de uma música de pranto, de Justino Handanga, onde o artista
chorava a morte de Valentim Amões, o empresário que mais se sensibilizava com a
carência profissional dos músicos do Huambo. Concluindo, a expressão «Ombweti
yateka» é usada para dizer que perdemos a pessoa que nos servia de refúgio.
Lembrei-me disto a propósito de Valeriano Manuel, 63 anos, o último em vida dos
seis filhos do velho Manuel Patissa. Nada mais restou. «Ombweti yateka».
www.ombembwa.blogspot.com