Quando
estiver a usar “oko” e “aka” para interjeição, você estará a fazer tudo, menos acertar. É
que tem crescido nos últimos tempos, principalmente na comunicação coloquial
das redes sociais, o uso de duas interjeições da língua Umbundu, as quais
pretendem transmitir simultaneamente admiração e reprovação. O que faz confusão
para quem acompanha com alguma acuidade é que se multiplica e populariza cada
vez mais a gralha. O correcto seria “hoko!” e/ou “haka!”, isso mesmo, com H,
aspirado, correspondendo ao português “Irra!”, “caramba!”. “Oko” tem outra
função, a de advérbio de lugar, quer dizer lá. Por exemplo, “kwende oko” (vai
lá mais é). “Aka” também é pronome demonstrativo, quer dizer este ou esta, mas
com conotação diminutiva. Por exemplo, “okamõlã aka” (esta criancinha).
Talvez seja já demasiado tarde para a presente chamada de
atenção, olhando para a experiência negativa no que respeita ao uso por
empréstimo de termos e expressões de origem africana (Bantu) à língua
portuguesa. Geralmente, dada a velha questão de status inclinado, a língua
portuguesa acaba impondo corruptela, na ausência de rigor ou interesse para um
mínimo exercício de pesquisa sobre o sentido, grafia e uso correcto da palavra,
como ocorre por exemplo com a palavra "kota" (irmão mais velho), que
emprestada à língua portuguesa virou "cota", facilmente confundida
com indicador estatístico.
Por favor, quando quiser usar as palavras para expressar
admiração/reprovação, não coma o H, se faz favor. É “hoko!” ou “haka!”.
Gociante Patissa. Benguela, 17 Agosto 2016
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