Cruzei há
dias, no mundo digital, com uma questão aparentemente simples, se vista nos
termos normativos da língua portuguesa: qual é a diferença entre “Onde” e
“Aonde”?
Conjecturando que a intenção era corrigir e apontar caminho, resolver-se-ia reafirmando que “onde” é usado para indicar lugar estático, ao passo que“aonde” enuncia movimento em relação a um local (para onde). Logo, dir-se-ia, pela bitola simplista muito mediatizada entre nós, que os angolanos usam errada e frequentemente o “aonde”. Mas porquê? Sendo infinito o inventário de causas, partilho a tese de que, em contexto bilingue, os erros, muito mais do que as coincidências tidas como correctas, nos podem abrir as portas à compreensão da coabitação do português com as outras línguas nacionais de matriz africana, na lógica de que os idiomas veiculam culturas.
É certo que a confusão entre “onde” e “aonde” não tem propriamente uma nacionalidade, o que não nos impede de analisar pequenos contextos e circunstâncias. Quanto à construção frásica, na minha língua materna, Umbundu, no mais das vezes, o complemento circunstancial de lugar fica no fim. “Ove okasi pi?” (estás onde?) Ora, temos aqui um som pouco musical, talvez por isso mesmo tenha sido "ajeitado" pela linguagem popular como em “wenda pi?” (vais aonde?). Julgo morar aqui a origem do uso indiferenciado do “onde” e “aonde” na linguagem informal. Como hipótese, podíamos dizer que se trata de uma interferência que se passa de geração em geração.
Um abraço de Gociante Patissa, Benguela, 22 Abril 2014-04-22
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