"Nda wafulile, nyomõlã; mwenle a kambamba
weya" (cantarolar Umbundu) - se estiveres a pisar (transformar bagos de
milho em fuba, ou farinha), põe-te já a recolher. O dono da rocha em que
trituras chegou.
sábado, 30 de agosto de 2014
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
terça-feira, 26 de agosto de 2014
domingo, 24 de agosto de 2014
"POKUPITINLÃ OCO OCILEMO CILEMA PO
VALI" - (é quando estamos a chegar ao destino que o peso que transportamos
parece mais pesado ainda)
Palavras de um
proverbial Umbundu do meu pai, num distante dia em que carregávamos lado a lado
(já não recordo bem com quem) uma grade de bebidas a pé, idos da praça da
Kalumba. É a sensação que me atravessa, quando parece estar cada vez mais perto
o salto a que me propus e conquistei (pela única forma que sei, juntando forças
e ideias) no sentido de juntar prazer ao ganha-pão. Está-se próximo da meta,
que parece cada vez mais distante.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
O conto MINHA MÃE É HORTELÃ, pág. 15, que abre o meu livro FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS, que vem a público no final deste ano, é uma ficção baseada numa trama real por mim testemunhada na adolescência. Só estes dois parágrafos são reais:
« O Sô Padre ainda não tinha percebido o que se passava na fazenda dele. Queria livrar depressa a cabeça do susto pelo boi que por pouco não morreu. O boi, também ainda ninguém sabia porquê, caíra para dentro da cacimba. A sorte é que esta estava seca. E o Sô Padre, que até era homem de muitas letras e de grossa inteligência, não conhecia a arte de socorrer um boi assustado. Então aprendeu o quê nas escolas, se na fazenda não rende nada, só dá ordens? Graças aos analfabetos que se safou. Nós, os piós, disparatávamos por dentro esses homens que não percebiam que criança gosta de carne. Que custava deixar o boi morrer?!
Mas isso tinha sido de manhã e o problema já estava resolvido. Até o tal boi já só coxeava bocadinho. O problema agora era o Kanjaya. Esse Kanjaya, eu até não sei quem lhe manda refilar muito quando não tem forças, acabou por levar uma boa tareia (…) Só que o Kanjaya também não se deixou ficar assim. Apanhado ali mesmo com as mangas na mão, Ndulu foi desafiado a comer cocó de boi. Acho que ia ser o primeiro na família, porque cocó de boi nunca foi coisa de ir à boca. Se era salgado, se era amargo, ou se mesmo cuiava, primo Ndulu ainda não sabia. Comer ele não queria, negar também não podia. Era só vexação mesmo o que o mafiador alugado pelo Kanjaya queria para se vingar. Dizia-se que ele podia matar e não saía nada. Que tinha breve. Que só um soco dele podia arrancar alguns dentes e deixar a boca como baliza de futebol.»
Gociante Patissa, Luanda 22 Agosto 2014
"Olohombo kepya/ kepya/ olomalanga vimbo/ Aci fu/ Aci mbê/ Avoyo/ twendainda ndeti"
Este trecho do cancioneiro popular Umbundu é de
uma dança folclórica em roda de mãos dadas, girando aos pulos num sentido, que
logo é invertido mediante o sentido da canção, quando se disser
"twendainda ndeti" (que significa: o normal é procedermos assim).
Conforme explicado pelo Duo Canhoto, compilador da rapsódia intitulada "Omboyo", que ganhou maior
visibilidade depois de a cantora Pérola lhe dar uma roupagem mais comercial, a
essência da parábola resume-se no seguinte:
Numa comunidade em guerra, os paradigmas funcionam de maneira inversa, ou seja, literalmente, os cabritos (animais domésticos) na lavra, as palancas (animais da selva) na aldeia. Trata-se, portanto, de mais uma manifestação dos nossos antepassados contra a desordem que é inerente a lutas e conflitos.
Ovilamo! (Saudações!)
Gociante Patissa, Luanda 22 Agosto 2014terça-feira, 19 de agosto de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)