se o vento soprar/ se o sol não abrir/ se a chuva cair/ e o frio te tocar/ tenha coragem (Sabino Henda, músico natural do Bié, Angola).
terça-feira, 30 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
Nãwã walya ombambi
Ka nyihinleko
Olonjo tulisungwe
Nãwã walya ombambi
Ocipepi eci!
Ndalya ombambi
Salile ohombo
Ndalya ombambi
Salile ohombo
Avoyo!
(Refão)
Nãwã walya ombambi
Ka nyihinleko
Olonjo tulisungwe
Nãwã walya ombambi
Ocipepi eci!
Estamos em presença da canção enquanto mecanismo de
protesto ou sátira social. Este tema encaixa-se na dança “ukongo”, a qual
homenageia figura do caçador. A letra enaltece virtudes do marido valente no
âmbito da distribuição de papéis. Assim, temos no refrão uma senhora que se
queixa de alegada avareza de sua cunhada, o que na tradução livre do original Umbundu fica: “A cunhada veado comeu / comigo não partilhou/
e somos vizinhas/ a cunhada veado comeu/ (…) tão próximas que nossas casas
ficam uma da outra!”. Já em resposta, a cunhada diz: “Veado comi/ cabrito não foi/ Veado comi/ cabrito não foi/ ora essa!”.
Ou seja, comi carne de caça, que custou ao meu marido sacrifício. Que vá o seu
marido caçar também.
Gociante Patissa, Benguela 27 de Outubro de 2012
sábado, 13 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
1º Alcunha de bravura, de majestade.
"Ekwikwi elangala ngombe, cipuka ka liwa lonjila" - sou apenas um
bicho mas que não é possível ser comido por qualquer pássaro; 2º nome de uma
avezinha rapace q nos bosques arranca as penas de outras aves para fazer seu
ninho. Por isso, quando pia, todas as outras aves calam-se e fogem o seu piar
assemelha-se à seguinte nomatopeia: kwi-kwi-kwi-kwi. No Ndulu, o mesmo género
de ave é conhecido por ohombwa-akoka- cabrito q puxa tudo para si.
Analogicamente, os chefes adoptam este nome p significar o seu poder, o seu
domínio sobre outros.
Francisco Xavier Yambo, in «Pequeno Dicionário Antroponímico
Umbundu» , Editorial Nzila, Luanda,2003
Breve nota biográfica do
autor
Francisco Xavier Yambo,
nasceu no Dundo (Lunda-Norte) em 1945. Fez os estudos secundários no Colégio de
St. André (Tshikapa, junto dos Frères de Tilbourg, Bélgica) e especializou-se
em ciências Antropológicas e Técnicas Documentais (Biblioteconomia, Museologia,
e Arquivologia) na Universidade de Lumbumbashi – República Democrática do
Congo, em 1973.
Trabalhou na Recuperação
do Museu Regional do Planalto, do qual foi director de1979 a 1997, foi
colaborador do núcleo do ISCED (Huambo), na cadeira de História de Angola e
Professor de Antropologia Regional (Cultura Bantu) no Seminário Maior do Cristo
Rei (Huambo).
É ainda autor do Dossier
Ngangela – Motivo Suficiente para um Estudo Científico de Etnonímia Angolana (INALD,
Luanda, 1997).
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
(UMBUNDU
Okalinya koko,
Okalinya koko, kalivanda vonjila
A pilima twende
A pilima twende sanga vatulandula
(PORTUGUÊS)
Lá vem a carrinha
Lá vem a carrinha,meteu-se a caminho
Prima, vamos [depressa], antes
que nos persigam [os colonos]
Esta canção canta a realidade das
famosas capturas do pessoal para os serviços forçados nas vias de comunicação
(estradas, caminhos de ferro) e noutros empreendimentos do governo colonial. A escravatura
já tinha sido abolida, mas havia uma outra maneira de escravizar: forçar gente
a trabalhar dia inteiro sem salário e contra vontade própria.
Página 50
[extracto do livro “cantares dos ovimbundu”, de Padre Basílio Tchikale,
2011. Kilombelombe. Luanda, Angola]
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
“(UMBUNDU)
Teke nyita omolãnge
Nduluka lumenye.
Lumenye ka tila owisi
Upika ka tila upange.
Mãyi wanyita ulika
Waseteka ndepungu
Epungu likwete osande
Mume waye ocisangu
Omõla woku lumbula
Nducitila keleva
Onyohã yiteta ohopa
Mandilintya kambovo.
(PORTUGUÊS)
Quando meu filho nascer
Dar-lhe-ei o nome de barata.
A barata não foge fumo
O escravo não foge trabalho.
Nasci sozinho de minha mãe
Como o milho
O milho tem sorte
Seu irmão é a haste [flor do milheiro]
O filho sem pai
Dou-o à luz numa cova
A cobra corta Umbigo
A madrinha é kambovo [macaco]
Na sociedade tradicional Umbundu, o trabalho é tão importante que o
autor desta canção chega a pintá-lo com cores vivas, comparando o homem que se
entrega arduamente ao trabalho, a uma barata e a um escravo.
Na verdade, na sociedade tradicional Umbundu, pelo facto do tecto das
casas ser de capim e por se cozinhar à lenha, o tecto, visto de dentro, fica
completamente guarnecido de fumo. O engraçado é que as baratas nunca resistem
neste meio tóxico”.
[extracto do livro “cantares dos ovimbundu”, página 51, de Padre Basílio Tchikale, 2011. Kilombelombe. Luanda, Angola]
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