"Cananga mo ceci: olongombe vipokola komunu; omunu ka pokola kwisya yaye" (O que me complica é que o boi é obediente ao ser humano; o ser humano desobedece ao próprio pai) - da música "Nakalngu" de Kupeletela.
A nova toponímia da divisão político-administrativa de Angola, lançada recentemente pelo Ministério da Administração do Território (MAT), ainda não tem qualquer suporte legal para a sua implementação, segundo declarações prestadas a O PAÍS pelo director do Centro de Documentação e Informação (CDI), deste órgão, Antunes Guanje.
O documento, elaborado pela Direcção Nacional de Organização do Território (DNOT), que pretende devolver a toponímia antiga a várias localidades (municípios e comunas), só será aplicado depois de ser aprovado pelas autoridades competentes, mormente o Conselho de Ministros, segundo Antunes Guanje. “Ainda nada está oficializado, se calhar o documento carecerá de mais contribuições”, resumiu.
Segundou apurou O PAÍS, os estudos feitos sobre a toponímia, basearam-se na uniformização da grafia sobre a divisão política e administrativa do país, segundo um documento enviado a este jornal em Julho do ano em curso pelo Centro de Documentação e Informação. De um total de 161 municípios que constituem a carta geográfica do país, à excepção da província de Luanda, a maior parte alterará a sua grafia actual.
Como publicou O PAÍS, na sua edição de 23 de Agosto, a nova grafia do MAT extinguirá letras como o “K”, que é usado na escrita do nome de vários municípios e comunas. Haverá também a aglutinação de vários nomes, que na actual grafia não se faz sentir. A maior parte destes nomes deriva de línguas nacionais.
Aliás, após à conquista da Independência Nacional, em 1975, muitas localidades que tinham nomes aportuguesados voltaram a ter os seus nomes originais um pouco por quase todo o país. A devolução de uns e a aplicação de novos nomes basearam-se em factores histórico-culturais e políticos de cada região do país. Como é o caso da legendária cidade de Mbanza Congo, que com a chegada dos portugueses passou a designar-se de São Salvador, o Soyo, como sendo Santo António do Zaire. Menongue (Venongue), Serpa Pinto, Nankova, ex-Vila Nova de Armada.