sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014


Ainda nos tempos difíceis de caçar a paz com a canção, Fedy entoou:



"Akulu vetu/ vata olusapo/ cambata ekumbi calwa/ tulikwati omunga/ konjembo ka kuli elau"


- "Os nossos mais velhos disseram/ em forma de adágio, que muitos mistérios carrega o dia/ Estejamos unidos/ não há fortuna após a morte" 

1º lugar: João Nunda: os nossos mais velhos, contaram uma história, durante o dia pode acontocer muita coisa, vamos nos unir, a pós a morte já ñ existe felicidade. looool, ganhei o consulado do vazio. mano

OBS: Para essa posição, tens o livro Não Tem Pernas o Tempo. Mas se quiseres, por já o teres, outro, que seria o Consulado do Vazio, estás à vontade. 

2º lugar: Fernando Sapalo Katchingona Katchingona: os nossos mais velhos disseram, o dia leva muita coisa, unamos as mãos, na morte não tem vaidade.
OBS:  ficaste em segundo. Para o lugar, tens direito ao Consulado do Vazio, mas se quiseres outro, como seria o Não Tem Pernas do Tempo, abro excepção. 

Obrigado aos que concorreram e aos que acompanharam o exercício. A nossa língua conta connosco para não morrer por falta de uso. Ovilamo! (cumprimentos)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Mbi umwe oyongola okupiñala otelemóvêlê ya inakulu yange?

Twalisanga ponambi olosãyi vyapita ndeti. Inakulu yange Kalonga yu wakala lokuliyeya. Ombangulo yaco yafetika eci vakota lyange vopula vati:
- A vavó, pwãi otelemóvêlê yove yipi?


Eye yu watambulula hati:
- Ame ndakava. Ndaciyikila vomala. Nda umwe oyiyongola, eye ayupe. Ocina oco cilinga okuti ndacilandela ale ekwim lecea (19) kolosaludo, alopo cilya ño olombongo?! Ame oco vo si citenlã!!!


Inakulu yange lolopapelo vyaco ka visilivila vali ka vinilesi. Okutala kosi yutima, walavokaile ño cimwe okuti cilya ño lumosi, catenlã. O otelemóvêlê pwãi yasapa!!!

Catayiwa la Gociante Patissa, veteke ly’akwim vavali lecelãlã, kunyamo wolohulukãyi vivali lecelãlã.
……………………………

 (Do arquivo) Português: ALGUÉM QUER HERDAR O TELEMÓVEL DO MEU AVÔ?

Encontramo-nos num óbito, nesses últimos meses. O meu avô Kalonga pôs-se então a lamentar. A conversa iniciou quando os meus/minhas kotas (irmãos) o questionaram:
- Onde está o teu telemóvel, avô?


Foi então que respondeu:
- Estou farto, fechei aquilo na mala! Se alguém quiser, que venha buscar. Então não basta ter comprado 19 saldos, e aquilo continua a pedir mais (para recarregar), sempre a me dar cabo do dinheiro? Eu também assim não aguento!!!


O avô nem sequer deitou fora os já utilizados cartões de recarga, é como se fizesse colecção. No fundo, ele gostaria mesmo (e como gostaria!) é que o bicho comesse só uma única vez… para toda a vida. É que o telemóvel afinal é guloso!!!

Gociante Patissa, 20 de Maio de 2008

OBS: Foto de autor desconhecido

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

"Umbanda womenlã okuhã"
(Feitiço eficaz para a boca é calar)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

UMBUNDU: ONDUKO MUMBEPYA YALOMBOLOKA NYE?

Vaketu, kalungi!

Twalisula okasimbu po naito, kolombangulo vya tyama kutundasimbu, kovilongwa kwenda alusapo vasangiwa vesinumwinlõ, okupisa polonduko vyomanu.

Kacasapalo, twakala ko lupale wo Kuvale, okutelinsa ohuminyo yokupaswisa umwe tiyu, ndomo twacikulihã ale akuti kokwetu, tuwiñi welimi lyUmbundu, onambi yapita ño kuyu wayipaswisa ale. Volombangulo, ukulu watulombolwila onduko yaye: “Ame Mumbepya [etokeko lya mumba+epya]. Olusapo waco wowu okuti: ndipumba ño epya, si pumbi ekuto”.

Umwe, vendo lyetu wakumbulula hati: “Oyo pwãi onduko yocimonya”. Ukulu yu wamemenako. “Citava”. Yimwe vo okuti tuyinõla mo yeyi okuti, ndaño wandilimili epya, wiya wukwata ocilele cokunditekula”.

Gociante Patissa, keteke lya 17, kosãyi ya Kayovo, unyamo wa 2014
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PORTUGUÊS: QUAL É O SIGNIFICADO DO NOME MUMBEPYA?

Amigos, saudações!

Já lá vai um bom tempo desde a última abordagem sobre a nossa tradição oral, pelo campo das parábolas e provérbios que subjazem em cada nome.

No passado sábado, fomos à vila do Cubal, cumprindo, assim, o dever de nos solidarizarmos com um tio nosso, como é já sabido que, para os Ovimbundu, o óbito só está encerrado para lá tiver marcado presença. Numa das conversas, o ancião explicou sobre o seu nome: “Meu nome é Mumbepya” [aglutinação de “mumba” + “epya”]. O sentido do provérbio é: posso é ficar sem lavra, mas não fico de barriga vazia.

Um dos presentes replicou da seguinte maneira: “Não será este um nome para preguiçoso?” O ancião soltou um sorriso. “É provável", disse. Outra visão seria a de que, mesmo que a ganância vos impeça de me reservar um pedaço para cultivar, tereis depois a responsabilidade de me sustentar.

Gociante Patissa, 17 Fevereiro 2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Numa das conversas, o tio o que julga ser um contraste do mundo actual: "Ovimunu visombisa vakwesunga", ou seja, "Os ladroes julgam os justos".

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Foto: Angop
Autor: Luciano CanhangaO aeroporto do Namibe deixou de se chamar Yuri Gagarin e foi rebaptizado com o nome de Welwitchia Mirabilis. Em rigor, apenas homenageou-se um austríaco em vez dum russo, pois a referida planta que existe no deserto já era designada pelos nativos por ntumbo, tendo sido cadastrada pelo botânico Welwitchia Mirabilis com a designação de Tumboa. Apenas depois da sua morte, e em sua homenagem, a planta rara ganhou o nome actual  (Reginaldo Silva, fb, 13.02.2014).


Apesar de se ter apenas mudado o nome de um russo para um austríaco, tomei nota, com bastante agrado essa evolução no pensamento político-cultural dos governantes angolanos. Chego à conclusão de que, afinal de contas, sempre será possível rebaptizar os topónimos angolanos de origem bantu, atribuídos e registados, muitos de forma errónea e ao acaso,  pelos portugueses. Para os povos bantu, cada substantivo/nome encerra um significado. E mais, o CICIBA (Centro de Investigação das Civilizações Bantu), e mesmo as autoridades angolanas (Resolução 3/87 de 23 de Maio, do Conselho da República) convencionaram alfabetos para as nossas línguas, devendo os topónimos e antropónimos bantu obedecer a estas convenções.

Continuo a considerar que os topónimos angolanos cujos registos não correspondem à redacção correcta, nem ao significado que encerram devem seguir o “caminho do aeroporto do Namibe”, ou seja rebaptizados.

O estudo da Direcção Nacional de Organização do Território, Ministério da Administração do Território, sobre Divisão Política-Administrativa e Toponímia de Angola apenas ganha os meus elogios por ter enumerado e codificado as províncias, os municípios e as comunas do país, sendo necessário também serem “provisoriamente” nomeados, na ausência de um estudo e discussão abrangentes sobre a redacção exacta dos topónimos de origem bantu, obedecendo-se, neste caso, às designações da administração colonial.

Com todo o respeito que me reservam os responsáveis do MAT, com quem tenho uma comunicação aceitável, não me revejo na obrigatoriedade dos media angolanos adoptarem essa redacção colonial como se o “documento em construção”  tivesse força de lei.

Haverá incapacidade, de nossa parte, para se fazer um estudo etimológico dos nomes bantu da nossa toponímia? Reitero. Não aceito que a nossa moeda, de que todos nos orgulhamos, o Kwanza, seja grafado com KW e o rio de quem ganha o nome seja CU.
À semelhança do aeroporto Yuri Gagarin, que passou a chamar-se Welwitchia Mirabilis , espero que as províncias que ladeiam o rio Kwanza sejam grafadas como deve ser ou que a nossa moeda se escreva Cuanza em vez do habitual Kwanza.
Que as capital da Lunda Sul seja Sawlimbo e que a província do sudeste de Angola seja Kwando-Kubango [kwandu kuvangu] e a sua capital Vunonge. Que um dos municípios do Wambu (Huambo) seja Cikala-Colohanga e que a antiga cidade de Silva Porto seja escrita Kwitu-Vye…

Pode ser que o tempo me derrote, mas não custa nada debater e buscar consensos alargados. O país, a sua história e futuro, a todos diz respeito.


1º Lugar: Florinda Sikunda, prémio: 1 exemplar do livro Não Tem Pernas o Tempo.
2º Lugar: David Calivala, prémio: 1 exemplar do livro Não Tem Pernas o Tempo, ou Consulado do Vazio, se preferir.
3º Lugar: Tatiana Cristina, prémio 1 exemplar do livro Consulado do Vazio.

"Ongeva onjivaluko/ omunu lokimbo lyavo/ nda likasi ocipãlã/onjongole yokutyukila (...) Ongeva onjivaluko/ omunu l'u valisole/ nda valitepatepa/ onjongole yokulisanga (...) Ame ndakucipopya siti/ kolela/ ovita ndopo vipwa/ Tulisanga a Ngeve (...) ka lupukile/ wasala".

Saudade é recordação/ cada um com a sua terra/ se fica distante/ o desejo é regressar (...) Saudade é recordação/ cada um com a sua pessoa amada / se estão separados/ o desejo é reencontrá-la (...) Eu te disse/ para teres coragem / que a guerra em breve acabaria/ Havemos de nos encontrar (...) Quem não correu/ ficou".

Queiram entrar em contacto com "sua excelência eu" para receberem o que é vosso por direito. A língua conta convosco para não morrer atrofiada, por falta de uso.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O rio, em Umbundu e demais línguas e dialectos da região, até mesmo para as etnias Vakwisi e Vakwandu, chama-see Kupolôlô/ com as vogais das três últimas sílabas abertas. Não é nem nunca será "coporólo, como se teima em mantê-lo registado."


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Fiquei na dúvida sobre a moral de uma fábula, ou ao menos do essencial que me foi contado, se a atitude do personagem é para ser vista pela positiva ou pela negativa.

A narrativa é atribuída ao escritor Uanhenga Xitu (cujo pseudónimo seria a conversão para a língua Kimbundu de um adágio Umbundu, qualquer coisa como “wayenga ositu olonyi vyukwãyi”, ou seja, aquele que prepara a carne é seguido por moscas).

Havia uma assembleia de animais, com representatividade de todas as espécies. Devia ser grande a despesa, estou mesmo a imaginar, tendo em conta a logística que geralmente caracteriza grandes encontros, muitas vezes, como cantou certa vez um amigo, gastando nos comes e bebes muito mais do que o necessário para resolver o problema analisado. Bom, eu já é que estou a aumentar. O outro contou apenas que o encontro levava umas boas horas de conversa (nunca faltando uns que ressonam, já cientes de que só por milagre lhes seria concedida a palavra). Aí, discussão maus discussão, começa a chover. Chuva mesmo de gotas de um litro, o quase, impondo dispersão.

Cada animal saiu dali a correr para o conforto do seu pequeno mundo, aquilo a que os biólogos chamam de habitat, quase sempre acolhidos por generosas árvores ou arbustos, não esquecendo os das tocas e cavernas. Tudo isso, para escapar da chuva, não molhar. O jacaré também, aliás no mesmo instante que os demais, foi a correr para o rio.

Voltando à dúvida. O jacaré teria sido movido por solidariedade, ou seria a negação si mesmo, para assumir identidade alheia, nessa busca de status? Vamos ao debate.

"É azar/ é azar/ o sapo pediu-me tabaco/ disse/ ó Burity/ deixa-me fumar um pouco do teu cigarro"

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Nova Gazeta:Acha que angola está a perder as raízes culturais?

Abel Dueré (à esq.): Totalmente! Por um lado, há jovens que preservam a cultura, o tradicional a todo custo, mas existe uma atenção muito maior de um tipo de música que de certa forma não é a da nossa sanzala, mas é a do guetto, que é influência americana e brasileira. O próprio Ku-duro está a virar funk brasileiro. Lembro-me da maneira como se dançava e hoje já vejo as pessoas a passar a mão nos órgãos genitais. Isso não é angolano, mas sim dos outros. A nossa dança sempre foi sensual, e ela, hoje, é sexual.

Jornal Nova Gazeta, edição Nº 83, 30 Janeiro 2014, pág. 30

Foto ilustrativa apenas (reporta um encontro na praça Tereza Batista, Salvador da Bahia, durante a 6ª Bienal de Jovens Criadores da CPLP)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


Enquanto vinha para o serviço esta manhã, servia-me de companhia a emissão matinal da Rádio Mais. Entre um tema e outro, surge a voz de Diabick, o nosso lobitanga que se encontra adoentado em Luanda. A música "Ene a manu" adopta também a animação "Sakatindi", do cancioneiro Ovimbundu, grupo etnolinguístico angolano de origem Bantu.

Sakatindi é uma dança tradicional com toques sensuais, umbigada, mais ou menos como na dança rebita, onde os integrantes da roda a dado momento se encontram aos pares (homem/mulher). A palavra Sakatindi, não me ocorrendo por enquanto sinónimo, diria que funciona um pouco como interjeição. Mas por que carga d'água venho agora com esta ladainha?

Ora, há uma passagem da canção que sempre me soou a ruído. E todos os artistas que adoptam a canção, e olha que não são poucos, caem no "erro" de pronunciar "ukãyi wanjepele, ukãyi wanjepele, ulume ocitende". Traduzindo, "a mulher da Isabel, a mulher da Isabel, o marido é parvo". Não faz muito sentido, já que Njepele é Isabel em Umbundu. Foi daí que certo dia interpelei meu avô paterno e xará, que disse tratar-se de uma degeneração de uma máxima Umbundu. O certo seria "ukãyi ka endi epenle, ukãyi ka endi epenle, ulume ocitende", que em português corresponde a "se a mulher sofre nudez, se a mulher carece de roupa, é porque o marido é parvo".

Eis então a letra e tradução livre para o português:

Onguya yange ndasile posamwã (Deixei fora a minha agulha)
yokutunga olonanga (de coser panos/tecidos)
Onguya yange ndasile posamwã (Deixei fora a minha agulha)
yokutunga olonanga (de coser panos/tecidos)

ukãyi ka endi epenle (se a mulher não tem roupa)
ukãyi ka endi epenle (se a mulher não tem roupa)
ulume ocitende (é porque o homem é parvo)
ulume ocitende ongandu yuñwatele (já que é parvo, que o jacaré o ataque)
Sakatindi! Sakatindi! Sakatindi!

Esta é a versão de meu avô Manuel Patissa, que me parece muito mais perto de fazer sentido. Se você tiver outra, não hesite em partilhar.

Gociante Patissa, aeroporto da Catumbela, 11de Maio de 2011

"Ufeko ndalota, lomenle ndomõlã"
Alguém arrisca na tradução?

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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