quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Kanjala - pequena fome
Canjala - relacionado à fome; propriedade da fome.
Ou seja, o nome de cada localidade conta uma história. Graças ao novo registo do MAT que visa ressuscitar a corruptela colonial, acabar-se-á com a memória da toponímia.

Q1: Se temos um país que é um conjunto de nações, o tal mosaico etnolinguístico e cultural, de onde é que tiramos a ideia de que o semba é a bandeira musical angolana?
 
Hipótese: "A capital geográfica do poder é também o centro dos padrões" (autor desconhecido). Nesta óptica, se a capital angolana estivesse no Leste, muito provavelmente seria o ciyanda a música/dança com maior investimento oficial e visibilidade.

Um olhar para lá do exótico: a dança, quase sempre associada à canção e ritmo peculiares está, na maioria das etnias africanas bantu e pré-bantu, associada à vivência dos povos, desde a celebração da caça, combate ou colheita sazonal, à súplica aos deuses. Naturalmente, tendo em conta que cada povo vive conforme a sua idiossincrasia, o semba poderá não significar rigorosamente nada, excepto algo que deve merecer o respeito pela cultura "do outro", vá lá, para outros povos do território angolano.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014


À parte o lado triste que geralmente é a base dos encontros familiares, vale a riqueza da tradição oral. Hoje ouvi um aforismo que me fez rir, tal é a teatralidade imagética que encerra.

"Olusoko wenene, eteke limwe osokola una okuvinda."

Explicação: olusoko vem de okusokola, que é falar mal de alguém na sua ausência. Okuvinda é fazer tranças ao cabelo de alguém, tarefa em que, na maior parte das vezes, quem executa as tranças fica sentada atrás da beneficiária.

Agora vem a tradução: de tanto hábito de falar mal de quem não está presente, qualquer dia, tu falas mal de quem está precisamente a fazer tranças ao teu cabelo.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Em conversa no facebook, o meu amigo Isidoro Natalício colocou-me a questão da grafia dos nomes de origem bantu (topónimos e antropónimos). Referia-se o amigo Isidoro que a TPA tem-nos escrito de forma diferente àquela que eu uso na grafia dos "nossos" nomes.
 Luciano Canhanga, in http://mesumajikuka.blogspot.com/

Tendo em conta a importância do assunto, ainda que o debate e as conclusões sejam superficiais, julguei oportuno partilhar as ideias que defendi nesta página que é menos volátil ao tempo.
1º - Os topónimos obedecem, para além da atribuição da designação, a um registo. Esse registo é válido até que o topónimo mude de designação ou se corrija a grafia. Para exemplificar, devo dizer que nos cadastros, a província angolana a sul ro rio Kwanza está registada erroneamente como "Cuanza-Sul" em vez do que seria expectável, Kwanza-Sul. O mesmo se pode aplicar ao meu nome Canhanga que devia grafar-se Kanhanga para obedecer ao alfabeto convencionado pelo CICIBA (Centro de Investigação das Civilizações Bantu). 
2º - As regras do CICIBA para a ortografia das línguas bantu diz que a letra C tem o fonema de TCH, TX, TSH. Exemplos: Cikala-Colohanga, Cindjendje, Citembu, Civingiru, Citende Cya Zango, Cipalavela, etc.
Sempre que as vogais I e U estejam  junto de outras, as primeiras devem mudar para Y e W. Exemplo: "muanha" (sol) deve grafar-se correctamente "mwanha); "dinianga" (abóbora) deve grafar-se "dinyanga"; "kizua"=kizwa, etc.  

Para obtermos o fonema equivalente em Português a "C" devemos grafar "K". Kanhanga, Kambundi-Katembu, Kalulu, Kahála.
Não sou telespectador atento da TPA e não sei dizer se grafam de acordo aos registos portugueses ou se de acordo ao alfabeto das língua bantu. De uma coisa, porém, tenho certeza: É preciso corrigir urgentemente os registos dos nossos topónimos (calculo que o MAT- Ministério da Administração do Território-  tenha já um projecto nesse sentido) e passar-se a exigir que haja uma grafia correcta dos topónimos de origem bantu. 

Não se pode aceitar que a nossa moeda seja Kwanza e o rio que lhe dá o nome ainda se designe Cuanza. O que se passa hoje é que não há rigor. Cada escreve como bem entende. Eu que sou adepto da grafia segundo a originalidade dos nomes, tenho grafado como será no futuro. Para o presente, pode ser que alguém considere o meu procedimento errado.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014


UMBUNDU: Upi wokufula (okusula) osema yepungu kwenda akuluwela vutombo, pwãi ukwete vo esilivilo kokusopola efwanga (eswanga); Olwiko wokupika ohita kwenda ekela, pwãi olonjanja vyalwa ukwete esilivilo lyo kukangisa una walweya; ohunya yokuliteywila ale oku kangisa. Pwãi, okutala ciwa, ovikwata evi vya syata vimwe olonjanja okukangisa lavyo omanu kwenda ovinyama.

PORTUGUÊS: Dois destes três artefactos pertencem ao processo de confecção de alimentos, sendo que o "upi" traduzido como "piso", usado para triturar bagos de milho ou mesmo porções de mandioca, na produção de farinha, mas serve também na preparação das folhas de mandioqueira (prato conhecido pelos nomes de kizaka ou sacafolha); "Olwiko", geralmente conhecido como muxarico (na parte norte), remo ou lemo (na região sul) serve para confeccionar pirão/finji e também papa. Já a "ohunya", moca, dispensa explicações. No pior dos usos, todos estes objectos alguma vez na vida já tiveram parte na tortura física humana e não só.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Uma das questões que inquietam quem acompanha os serviços de informação radiofónica reside na prática cada vez mais comum: os locutores de línguas nacionais (de matriz africana), a quem designamos de jornalistas, são em boa verdade meros tradutores da edição em português. O que é pior, a tradução/interpretação é feita a quente, de improviso, sem texto, com os tropeços e deturpação que se podem imaginar. Um exemplo é peixe seco ser traduzido como "ombisi yomukaku" (quando "mukaku" significa assado). Enfim, se jornalismo é recolha, tratamento e difusão de informação, os nossos locutores em Umbundu não passam de vítimas da subalternização, onde a língua oficial segue como factor de auto-negação identitária. Na realidade Umbundu que domino, caso das províncias de Benguela e Huambo, a Rádio Mais do planalto é a única que experimenta um serviço autónomo, onde os noticiários incluem registo sonoro dos interlocutores em Umbundu. Como até somos dados a imitações, não custava seguir-lhes o exemplo.

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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