quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


A minha mãe partilhou connosco trecho de um cântico que costuma animar senhoras do grupo coral da sua igreja em cerimónias especiais, a exemplo de casamentos. O templo está situado no Morro do Alto-Niva, município da Catumbela. Suas colegas, que não ela, são predominantemente Vacisanji, subgrupo étnico (Ovimbundu) que habita a circunscrição administrativa do município do Bocoio, a 100 quilómetros da cidade de Benguela, capital da província como mesmo nome. A canção, de cuja letra completa a velha não recorda, agradou-me bastante, não só pela entoação, mas essencialmente pelo seu alcance poético:

“Kulo ka kuli akondombolo / Kucaca ndati?”

Traduzindo:

“Não há cá galos / Como tem amanhecido?”

Faz lembrar o papel universal do galo, o de anunciar o novo dia. Ora, na sua ausência, como saberemos que já amanheceu? Pode-se também interpretá-la no sentido de desmentir a inexistência de galos: se é o galo quem anuncia a madrugada, ora, e as madrugadas continuam a existir, logo, há galos.

Minha mãe, que não sabe dizer que despertador o galo usa para despertar os humanos, tem contudo uma certeza: madrugadas sem galo cantar são sem graça.

Recolhido por Gociante Patissa, bairro da Santa-Cruz, Lobito, 21 de Dezembro de 2011

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