Venho notando com satisfação o cada vez mais crescente
interesse pela partilha de sabedoria popular nas línguas nacionais de origem
africana. É de louvar, principalmente quando se trata de murais de gente mais
nova, se tivermos em conta a conotação de que a maior tendência nas redes
sociais recai para futilidades. Só me deixa aborrecido notar que quanto à língua Umbundu, não poucas vezes, algumas
almas mais não fazem do que ir copiar dizeres aos meus blogue www.ombembwa.blogspot.com e mural do
facebook, para colarem em seus murais ao pé da letra. Na minha ingenuidade,
acredito que a sabedoria popular é património imaterial colectivo, de qualquer
um que por ele tenha a mínima sensibilidade, mas que a tradução é de cunho
pessoal. E essa preguiça só pode multiplicar eventuais erros do tradutor
"imitado", até porque a Internet não pesquisa, não avalia, não
escreve e... não erra. Divulgar a nossa língua e cultura, sim, mas com o mínimo
esforço de honestidade intelectual.
Gociante Patissa,
3 Julho 2014
4 ondaka twatambula- comentários:
E fazes um excelente trabalho! Ainda assim com tantas cópias, é um manifesto do que gostam de ti.
O que mais vejo, são cópias, poucos se dão ao trabalho original.
Abraço
Uma hora o joio é separado do trigo, não se preocupe, caro Gociante. Só uma pergunta: por que o pleonasmo "línguas nacionais de origem africana"? Vejo em todo lugar o reforço de "origem africana" como se as línguas angolanas, fora as língua coloniais, fossem uma coisa distante e muito distinta das línguas de "origem não africana". Sinceramente, me doem um pouco as orelhas e os olhos ao ler ou ouvir essa colocação. Para mim, esconde um desejo implícito do angolano que não é da aldeia de se firmar como um pouco mais diferente daqueles que falam línguas de "origem africana" em Angola. Sei que esse não é o caso do amigo Gociante, pois o termo já está tão enraizado que até em documentos oficiais a referência às línguas africanas angolanas é sempre precedida pelo "origem". Bem, isso é mais um desabafo, caso eu não tenha me expressado bem nessas poucas linhas, seria interessante levantar um debate.
Obrigado pelo encorajamento, caro Manuel Luís. Um abraço e tudo de bom para si e família.
Obrigado, caro Paulo Jeferson. Tenho andado por Luanda numa actividade que me retira 13 horas do dia longe dos livros e computador. Quando chego é de noite e comer e dormir.
Quanto à "muleta" línguas nacionais "de origem africana", no meu caso só a uso para reforçar que há outras línguas/identidades para além do português. Mas, em boa verdade, é a forma como o governo, através de documentos oficiais, cuidou de as designar (pois há quem defenda, com base em conceitos científicos que só o português teria de ser língua nacional, na ideia de ser aquela na qual se investiu de modo a cobrir o país, sendo as outras de uso regional. Esse conceito, que não deixa de ser lógico, representaria, quanto a mim, mais um problema do que uma solução, sobretudo em se tratando de um país que se procura consolidar como nação e reconstruir o tecido social. Há que optimizar o espaço e valor destas línguas que têm uma forte presença na histórica resistência). Enfim, temos um problema ainda mal resolvido, que tem precisamente que ver com a ausência de estudos para se obterem bases consistentes no que ao estatuto das línguas diz respeito. Acho que vai chegar o dia para fazer disso uma prioridade também. Cumprimentos
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