O que não tem cheiro não tem sabor (sabedoria popular Umbundu)
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Ocisangwa (vamwe vacitukula vati “quissangua” e “kisangua”), casyata
okunyuiwa mulo von Ngola, cipongiyiwa lo huta yaleluka kwenda yatanda ko
kovaimbo vosi. Tusima tuti kakuli onjila imosi lika yo ku pongiya, nda twa
vanjiliya awiñi la wiñi vo lo nyitiwe. Haimo lumwe, ha citangi ko nda tulinga
tuti kuli ovisangwa vivali: (a) cina cakwaya kwenda cikolwisa, (b) la cina
cakwaya ale syo, pwãi kacikolwisa. Oco katukainde olonjila vya sanjavala, tupopya
ño eci ca syata kwapata ovimbundu.
Ocimãho cokutaya cilo oku yevalisa vimwe twamãla okuyeva, kweci
catyamenla kelomboloko lyo cinsangwa (cina cakwaya ale syo, pwãi kacikolwisa) kutundasyãhulu,
casumbiwa ndovava, cina okuti kakuli omõla ale ukulu kacisole. Olonjanja vyalwa,
u waliveta ocisangwa olaña mwenle lo kulima kepya, ke yevi onjala.
Ocisangwa cipongiyiwa lo kufelula, ndeci ño ke kela. O sema yitengiwa
lo loseke, vikalinga noke ovitami (vikoka okuti tê lo kuvenja venjamo vombya
ale vo neka, oco kavikalinyolehenle). Kuli vo vana va panga ovitami lo lwoso. Onduko
yovitami, tusima tuti yatundilila ko “kutamenla”.
Oco ocisangwa cisonse, osimbu omanu vainda lo kukapa kapa ko ombundi,
vamwe lavo vo vakapa ko onyoñolo oco cikwate okalemba kamwe kaposoka. Ovituwa vyaco,
ndomo caleluka okucitala, haiko vili kovaimbo, omo lyu hwasi wukasi vusitu,
kenda andi mekonda lyu kulihinso wapiãla kweci catyamenla kuhayele lovihemba
vyumbundu. Pwãi osuka oyo vali yasyata oku kapiwa kocisangwa. Kweci ca tyamenla
kovikwata vyokusoleka ale okwambata, tukwete ombenje, pwãi volupale omunu
osoleka leci akwete.
Ocisangwa laco vo kacitava okukamba pongandala, pepunda pana pakapiwa
ovikwata vyociholo co kutambela ale oku lomba (ko putu vati “consentir”, “alambamento”
ale andi “alembamento”). Mekonda lya nye? Pepulilo eli opo tusanga osapi
yondaka. Ndeci twayeva kwakulu vendamba, ocisangwa cikwete esilivilo linene
konepa yokutambula akombe. Onduko yocisangwa yitundilila “ko kusangiwa” ale “oku
sangwa”. Tulinga tuti ocina co ku sangiwa ale cimwe cisangwa, ocidenkaise
cekalo liwa ku yu wasangiwa. Njali yukãi eye ukwacikele cokucipongiya lo ku
cava, kacitava cikamba.
Eli olyo esapulo twatenla ko, pwãi nda okwete lya kwavo, tulilavoka
lesanju.
Gociante Patissa, Benguela, 26/10/2011
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PORTUGUÊS: Breve nota sobre o sentido etimológico da bebida Ocisangwa na cultura Ovimbundu
A “ocisangwa” (mais conhecida pelas corruptelas “quissangua” e “kisangua”)
é uma bebida típica em Angola, feita à base de ingredientes simples e naturais.
Não creio haver uma forma consensual que sirva de receita, tendo em conta até a
nossa peculiar diversidade étnica. Ainda assim, podemos resumir a sua classificação
em dois galhos: (a) a fermentada e alcoólica, (b) a azeda ou não, mas não alcoólica.
Mas para não dispersar o foco, concentremo-nos à realidade dos Ovimbundu.
O propósito destas linhas é partilhar o resultado de uma recente
recolha, quanto ao significado antropológico de “ocisangwa” (a azeda ou não,
mas não alcoólica), aquele líquido da importância da água, sempre presente e
acessível a todas as idades. Às vezes basta uma boa dose de “ocisangwa” para se
passar o dia todo na lavoura.
O modo de preparo é pela fervura, similar ao de “ekela lyo sema” (papa
de milho), com uma mistura de fuba e rolão, que fará o papel de “ovitami”, (minúsculas
porções trituráveis de milho para engrossar o líquido, que fazem com que se
esteja constantemente a agitar o copo para se evitar o desperdício de os
abandonar no fundo deste). Há quem use o arroz como “ovitami”, substantivo
que julgamos advir de “okutamenla”, que em Umbundu significa engrossar.
Para adoçar o líquido, os povos antigos usavam raízes, havendo também
quem lhe acrescente troncos de “onyoñolo” para caprichar no aroma. Tais práticas,
como é de imaginar, são ainda usuais no meio rural, dada a riqueza da flora angolana e o vasto conhecimento sobre sua multidisciplinar aplicação na
medicina alternativa. Mas é ao açúcar que mais se recorre de modo geral. Quanto
à sua conservação e até transporte, recorre-se à “ombenje” (cabaça), substituída
por utensílios mais modernos conforme o meio.
A “ocisangwa” é dos bens de presença obrigatória na “ongandala”, a trouxa
tradicional que se leva nos rituais de “okutambela” e/ou “okulomba” (conhecidos
como “consentir” e “alambamento” ou “alembamento”). Então porquê? E é daqui que
parte a vontade de partilharmos. Segundo nossas idóneas fontes, o líquido é de
elevado valor no que à hospitalidade diz respeito. O termo “ocisangwa” vem de “oku
sangiwa”, que também se diz em muitas variantes do Umbundu “okwsangwa. Ou seja,
“ocina co ku sangiwa ale cimwe cisangwa”, é algo encontrado, símbolo pelo qual o
anfitrião se revela hospitaleiro, claro está, tendo na mulher a garantia da sua
existência.
Essa é a nossa, mas aguardamos com agrado pela versão que você tiver.
Gociante Patissa, Benguela, 26/10/2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Enquanto o português é a língua oficial de Angola, o país é anfitrião de uma riqueza de línguas e dialectos de raízes mais antigas. A revista Universo olha para os esforços para preservar e dar vida nova para a estes.
A versão do português falado pelos angolanos contém muitas palavras que seriam totalmente estranhas a lusófonos do Brasil, Portugal ou mesmo Moçambique. Isso, porque muitas palavras usadas em Angola de hoje vêm de suas línguas indígenas Africanas, como o Kimbundu, Umbundu, Kikongo e Tchokwe.
Por exemplo, os táxis colectivos miniautocarros azúis-e-brancos que se vêm em toda a Luanda são conhecidos como candongueiros. Esta vem da palavra kimbundu Candonga, que significa mercado. É fundida com 'eiro', o sufixo português, que significa mercado negro. Este nome foi dado aos táxis porque eram o meio de transporte para os vendedores que trabalham no famoso mercado da cidade, o Roque Santeiro.
Um exemplo semelhante é zungueira, palavra usada para descrever os vendedores do sexo feminino que vagueam pelas ruas da capital, oferecendo tudo, desde frutas, peixes e legumes a chinelos e ainda verniz para unhas. Zunga, em Kimbundu, significa “movimento contínuo", que resume muito bem o facto de que as zungueiras vão sempre em busca de novos clientes.
Raridade
De acordo com o escritor e antropólogo angolano, António Tomás, as pessoas em Luanda recorrem frequentemente ao Kimbundu quando querem descrever novos fenómenos sociais. "As pessoas usam Kimbundu quando se referem a algo que não possam descrever adequadamente em português; Acho que é algo exclusivamente angolano", explicou.
"É como se o Kimbundu fosse um recurso de armazenamento de palavras quando há um novo fenómeno social a precisar de nome. Outro exemplo émaka. Significa muito mais do que a palavra portuguesa "problema" , apesar de ser a tradução literal. Mas maka é mais rico de alguma forma, parece ter um significado mais profundo ".
Acredita-se haver em Angola cerca de 50 diferentes dialectos ou línguas (dependendo de como você classifica uma língua). A maioria é de origem Bantu, como o Kimbundu e o Umbundu, enquanto uma pequena maioria falada em áreas remotas vem de grupos menores, como os Khoisan. O Kimbundu é falado nas províncias do centro-norte e litoral, Luanda, Malange, Kwanza Norte e Bengo, enquanto o Umbundu é predominante no centro e sul: Benguela, Huambo, Huíla e Bié.
Nas províncias do nortenhas do Zaire, Uíge e Cabinda, as pessoas falam maioritariamente o Kikongo, mas também Lingala e Fiote, línguas usadas na fronteira pelos congoleses.
O Tchokwe é falado nas Lundas e mais ao sul ao longo e através da fronteira com a Zâmbia, enquanto que na província mais meridional do país, o dialeto é conhecido como Cuanhama, embora seja por vezes também escrito Oshikwanyama ou Kwanyama.
António Tomás, foto A Semana |
"Faço parte dessa geração, cujos pais viveram a era colonial dos anos 1960, quando os portugueses tentavam nacionalizar o país através da língua e alienar a etnicidade das pessoas", disse à revista Universo. "Forçaram as pessoas a assimilar. Tinham de falar Português, se quisessem um emprego, e muitas pessoas, inclusive meus pais, mudaram de nome para serem mais Portuguesas. Só quando eu tinha 18 anos é que eu descobri que o verdadeiro nome de meu pai era Kutubiko ".
Tomás, que está actualmente a concluir doutoramento em Antropologia Cultural na Universidade de Columbia em Nova York, disse que o seu primeiro contacto real com as línguas de Angola - além de sua avó, cujo Kimbundu era sempre traduzida em Português por sua mãe – deu-se quando cumpriu o serviço militar na década de 1990.
"Fui enviado para Benguela e as pessoas vieram das áreas circundantes onde todo mundo falava Umbundu mais do que Português", lembrou. "Eu não tinha antes passado por aquilo. Pessoas da minha idade, em Luanda, simplesmente não falavam Kimbundu, apesar de os nossos pais falarem. Foi lá, ouvindo as pessoas contarem maravilhosas estórias em sua própria língua, relatos passados de geração em geração através dos avós, que me comecei a interessar por língua, cultura e antropologia."
Tomás disse que planeou aprender mais Kimbundu e Umbundu, e se possível algumas outras línguas de Angola . "Essas línguas são como uma caixa de armazenamento para as nossas culturas e precisamos mantê-las vivas para manter nossa cultura viva. "Se não fizermos algo agora, dentro de 100 anos o Português será a única língua falada em Angola. Precisamos urgentemente fazer valer as nossas diferenças e aprenderas nossas línguas para aprendermos também a nossa cultura. "
A residir em Benguela está o Gociante Patissa, que partilha o entusiasmo de Tomás por línguas angolanas. Totalmente bilingue em Umbundu e Português, o jovem de 32 anos é autor de um Blog e sobre a sua língua materna, onde traduz poesia e excertos da literatura e explora provérbios. "Adoro línguas e eu adoro escrever", disse. "E acho que através da minha, Umbundu, tenho uma herança cultural muito rica e quero compartilhar isso, então é por isso que fiz o Blog. Gostaria de um dia escrever um livro”.
Patissa, que estudou linguística na universidade e é também fluente em Inglês, nasceu na comuna rural de Monte Belo, movendo-se para a cidade costeira do Lobito, 100 km de distância, quando tinha sete anos. "Quando chegamos à cidade, a maioria não falava Umbundu, mas acho que por a minha mãe não dominar muito a língua portuguesa, continuamos falando em casa e ainda falamos enquanto adultos", afirmou. "Ainda há essa timidez de falar em línguas africanas em Angola, e isso vem do sistema colonial, mas precisamos superar isso e ter orgulho de nossas raízes culturais".
Esta é uma posição apoiada pelo governo, que já começou a com projectos experimentais de ensino do Umbundu, Kimbundu e Tchokwe em algumas escolas primárias e dirige o Instituto de Línguas Nacionais para promover dialectos autóctones.
Valorizando as línguas
Falando numa conferência em Luanda no início deste ano, Cornelio Caley, Vice-Ministro da Cultura, disse: "É muito importante que valorizemos as nossas línguas nacionais, porque nos permitem apreciar a nossa cultura nacional. Saímos recentemente de um sistema de colonial, durante o qual nossas línguas maternas foram sistematicamente negligenciadas e linguisticamente alteradas."
O vice-ministro considerou triste que jovens angolanos tivessem mostrado mais interesse em aprender línguas estrangeiras, como Inglês e Francês, em detrimento de suas línguas nacionais, e pediu aos pais para passar os seus conhecimentos aos filhos.
Na opinião de Tomás, no entanto, ao falar dialectos em casa vai mantê-los vivos, mais precisa ser feito para trazer línguas do espaço doméstico para o oficial. "Os Portugueses foram realmente eficazes na forma como criaram esse tabu em torno do nosso línguas nacionais e as pessoas tinham esse complexo real de inferioridade reais sobre o uso de dialectos africanos", disse. "Dizia-se que era uma língua inferior, menos útil e menos versátil, e lembro-me na escola que se você falasse Kimbundu, podia ser intimidado ou o professor diria que tal interferiria negativamente no seu Português. "Isso tem continuado hoje e há essa mentalidade que as línguas africanas são para falar em casa, em privado, não em público. Isto é muito triste e quando perdemos essas línguas, ninguém vai notar mesmo".
Professor Prah, foto IMPLAN |
A ajudar Angola a preservar as suas muitas línguas está o Centro de Estudos Avançados da Sociedade Africana (CASAS), com sede em Cape Town, África do Sul. O Diretor Kwesi Kwaa Prah vem liderando o projeto para produzir uma ortografia-padrão (sistema ortográfico) para idiomas do país Bantu que, segundo ele, são todos muito semelhantes.
"Se você é um falante Cuanhama, pode não ser capaz de falar kimbundu, mas de lê-lo", explicou. "O que estamos fazendo é racionalizar as estruturas de ortografia para fazer uma versão harmonizada para que se possa em seguida publicar formas de escrita das línguas. "Trata-se de economias de escala. Se apenas 20 mil pessoas são capazes de ler um livro, você vai lutar para produzir muitos livros para esse público, mas se cinco milhões podem lê-lo, então você terá mais oportunidades."
Professor Prah, ganês, cuja organização trabalha em toda a África, tem opiniões fortes sobre promoção das línguas nacionais. Acredita que o legado colonial dominante de idiomas europeus, como Português, Inglês e Francês está a atrasar o desenvolvimento do continente.
"Não acredito que se possa avançar através da língua de outra pessoa", disse. "Olhe para a Alemanha, eles falam alemão; olha para a Itália, eles falam italiano. E agora olha para a Ásia, também uma vez colonizados, mas agora falando suas próprias línguas. Vietname, por exemplo, costumava ser francês, mas agora as pessoas usam vietnamita, e na Malásia, ex-britânico e apesar de muitas pessoas falam Inglês, sua língua materna é o malaio. Estas são sociedades com economias em crescimento e estão se movendo para a frente; África ainda está atrás com isso".
Professor Prah acredita que Angola ainda precisa de agitar o que ele vê como uma dependência neo-colonialista em Português, e diz que é preciso fazer mais para promover as línguas africanas que estiveram intrinsecamente ligadas à identidade nacional e da cultura. "Se não protegermos as nossas línguas Africano, é essencialmente o etnocídio, porque as nossas línguas são parte da nossa identidade e nossa cultura e é através da nossa cultura e da língua que nós nos definimos", acrescentou.
Congratulando-se com o apoio do governo para o trabalho CASAS faz em Angola, o Professor Prah diz esperar que o guia ortográfico angolano esteja pronto até Novembro e que abriria portas para mais trabalhos publicados em línguas indígenas e dialectos angolanos.
O Bloguista Gociante Patissa concorda que a falta de trabalhos publicados em línguas africanas, a par de passagens bíblicas traduzidas por missionários, dificulta a aprendizagem ou preservação de dialectos. Dicionários e gramáticas, segundo ele, são difíceis de encontrar, e o que exclui muita gente interessada em aprender. Mas é encorajado pelo crescente número de músicos que agora estão usando Umbundu e Kimbundu em suas letras.
"Estamos vendo mais música com letras africanas, particularmente artistas do Huambo, Benguela e Lobito, o que é uma boa promoção da língua", disse. "É um indicador de que o interesse em nossas línguas nacionais está crescendo e acho que vai ajudar a protegê-las nos próximos anos."
O Professor Prah concorda. "Os africanos estão lentamente começando a despertar para a cultura nacional e línguas, e percebendo que precisam para preservar esta parte da sua identidade de ser capaz de desenvolver", disse.
Apesar de muitos angolanos urbanos já não falarem as línguas africanas, se você viaja fora das principais cidades e vilas, encontrará lugares onde apenas estes dialectos são falados. A fim de fornecer um serviço a essas pessoas, cujas estatísticas não são claras, as emissoras estatais Televisão Pública de Angola e Rádio Nacional de Angola têm notícias diferentes e mostram informações. Folhetos do governo em muitas questões de saúde e cívico, como eleições, também são traduzidos para as principais línguas para garantir que todos no país sejam informados. E na sequência das recentes chuvas fortes e inundações, existem agora os planos para o Serviço Nacional de Meteorologia INAMET (Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica ') para dar alerta nos idiomas locais.
(Artigo publicado pela revista Universo, Setembro 2011, propriedade da Sonangol produzida em língua Inglesa e distribuída no Reino Unido; tradução de Gociante Patissa).
Eis o link para a versão original em Inglês, formato PDF http://www.sonangol.co.uk/wps/ wcm/connect/1edd5100486f4014a7 bcef64eff32f53/SU_31.pdf?MOD=A JPERES
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Descarta-se o que estiver não mão, não o do coração (adágio Umbundu)
Adágio cimba po Gociante Patissa Blog Ombembwa by Gociante Patissa
Adágio cimba po Gociante Patissa Blog Ombembwa by Gociante Patissa
domingo, 16 de outubro de 2011
Se o outro pula, arrasta-te tu; não há joelhos iguais (provérbio Umbundu)
Ombembwa-Proverbio Gociante Patssa Blog AngodebatesBenguela2011 by Gociante Patissa
Ombembwa-Proverbio Gociante Patssa Blog AngodebatesBenguela2011 by Gociante Patissa
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Parte o presente exercício de dois relatos partilhados recentemente por um casal que revelava semelhanças num gesto das respectivas mães, atitudes que, vistas além de simples coincidência, fornecem matéria antropológica. Trataremos a mãe do marido por “Njali-A” e a mãe da esposa por “Njali-B”, sendo “onjali ou njali”correspondente a pai/mãe, tutor/a.
Njali-A e njali-B têm em comum o papel de “ndona yukulu ou ukãi watete”,estatuto social dado às primeiras esposas, em contextos de poligamia, onde, independentemente da idade, as demais (“sepakãi”) se assumem “irmãs mais novas”. O que as separam são uma década e cerca de 600km de estrada. Njali-A vivia em Kutenda, município da Chicomba, província da Huila, e o gesto deu-se na década de 70; por sua vez, njali-B vivia no Monte-Belo, município do Bocoio, província de Benguela, e sua acção deu-se na década de 80.
Os Ovimbundu, há quem os chame “os Umbundus” por conta da sua língua, são grupo etnolinguístico de origem Bantu que habita o centro e sul de Angola, em seis das 18 províncias: Kwanza-Sul, Benguela e Namibe (costa), Bié, Huambo e Huila (planalto centro e sul) Representam 1/3 da população,num país com 17 milhões de habitantes, e cerca de oito grupos de matriz Bantu, sem esquecer os Khoisan, pré Bantu, e os de origem ocidental.
Nem sempre o número de falantes é indicador de etnia, um fenómeno que podemos atribuir a dois factores: (a) a motricidade das comunidades de trabalhadores do CFB (Caminho de Ferro de Benguela), do Lobito (Benguela, litoral centro) ao Luau (Moxico, extremo leste e de predominância Lunda Cokwe); (b) o êxodo para as cidades e/ou zonas mais seguras durante as três décadas de guerra civil, onde poderá contar o facto de a UNITA (rebelião armada) ter imposto o Umbundu como símbolo de afirmação patriótica nas zonas sob seu domínio.
No contexto das comunidades rurais que abordamos, a maioria das mulheres dedicava-se ao cultivo e lida doméstica, salvo poucas com formação básica para o professorado ou enfermagem. O mesmo se aplica aos homens, no cultivo e caça, excepto uns poucos na função pública, com ofício, ou então para-militares. Njali-A era esposa de motorista hospitalar e Njali-B de funcionário administrativo. Seus maridos eram de concentrar as várias esposas num mesmo espaço, chamemos-lhe de quintal, e com isso uma convivência intensa entre as “irmãs” rivais. Até aos dias de hoje, há quem o pratique nos centros urbanos, o que é culturalmente normal, mas nem por isso fácil de gerir.
Em sociedades de pendor “machista”, a participação da mulher na tomada de decisões é aparentemente nula, pois, como se sabe, este ser secundário tem subtilezas para vincar posição. Falaríamos por exemplo da influência que as mulheres vêm tendo sobre os mais diversos carrascos. Njali-A adoptou um cão, a quem atribuiu o nome de “Notole”. Njali-B intitulou o seu cão “Cohinla”.A palavra é ícone para um provérbio, o que seria pleonasmo referir, já que é sobre o adágio que assentam os nomes dos Bantu.
“Notole, ndikasi vesaila; nate ciwa, ndikasi lo kimbo lyetu” – choca-me bem, sou pinto dentro do ovo; trata-me bem, que faço falta à terra de onde venho.“Cohinla mange calwa” – é muito o que se esconde no silêncio de mulher madura. Na força do provérbio, as mulheres apresentam um protesto passivo-agressivo aos maridos e demais elementos da poligamia, e ao mesmo tempo uma denúncia à comunidade sobre o que as intriga, ao longo dos 10 anos de vida de um cão, o guarda de casa. Ainda da comuna do Monte-Belo vem outro exemplo: “Kanjila” foi a alcunha que certo homem chamou para si.“Kanjila komange kakwete apa katekula, kasumbiwa”. Por mais insignificante que possa parecer, o passarinho-mãe tem um ninho a sustentar e exercer autoridade.
Podemos considerar que a atribuição de nomes proverbiais a animais como forma de protesto é prática antiga entre os Ovimbundu e provavelmente de outros povos Bantu, dada a semelhança entre Njali-A e Njali-B, que vivem em épocas e lugares distantes. Não parece, por outro lado, que seja ao acaso também que um homem adoptou a alcunha para reclamar respeito.
Gociante Patissa, Benguela, Outubro 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Ukanda kelivala lyonanya
OlusapoUkanda kelivala lyo nanyaGociantePatissaBlogOmbembwa2011Benguela by Gociante Patissa
Twakala vonjo kakuãla ketu. Okucitala ciwa, nda ndilinga siti katatu kavo, omo akuti ame sukuanjo ko, daindelele mo ño ocinyangu, ndokulinga omesene. Ocikwata cavo cokutalalisa vonjo cakala lovitangi, cainda lokutosa ene calua ovava.
Vamwenle yonjo vakala lokusapela. Ndona oku osapela, oku otuta etoka lyoñanã. Umalehe Petulu, pwãi nda ekavo nda nye, eye yu walikala o televisãu, eye yu kavanjiliya mo… Ame ndalyuhinla pevindi locimbele cange. Eci ndaimbuka onjala yoyo yivala, ndaivaluka okuti pwãi kwaca osimbu, onanya yavo yacilwa. Mbi kelivala ale mwenle lya mosi, kwakukutu epandu vali.
Okasimbu po naito, kepito vatutula. Ñala Luhaku wavotoka, vakwavo valaulula lutate.
–Ukombe weya! – vayevalisa kumosi ondaka, ndomo casesamenla okutata akombe.
– Omangu yeyi. – Nãla Luhaku eye wapopia, ndokulinga sungu yonjo.
– Pandu, pandu. – Ukombe watambulula, osimbu a tambula omangu.
– Ndati, wa usala?
– Nda usala, andi twapitamo, vyakwavo twalisoka lavyo. Twatambula ukanda, apa tuyeti tuwupitilinsa kuvamwenle. Andi oco lika twimbwisa. Ene kulo ndati?
– Mumosi haimo. Oyo yukanda watambuli, noke uwupitilinsa, tuyipandwila.
– Vakwê, situmanla, ndikwete vo akombe konjo.
– Enda ale? Onanya yetu yipepi…
– Ndapandula, pwãi evelo lyalinga litito. Cinene okuti kulimonla kapwi.
– Oco. Pwãi kavalame po.
– Vyakapitinla. Ndapita!
Ukombe eci akainda, papita ño kamwe, onanya yeyi komesa.
– Oveh, omesa yayaliwa. Osimbu vyatokota, enju, ukanda owutanga noke. – Ndona Telesa wavilikiya.
– Keveleli po ño kamwe. – ñala Luhaku watambulula. – Ndikasi lokwiya.
Papita mbi akwi avali kuakukutu, ulume alopo keya. Eye kayulula apa ukanda waco. Omo akuti ocituwa covonjo, Ndona la Petulu kavasimile okutumanla ulika komesa, osimbu akuti isya yonjo katundile ovongende.
– Oveh enju, okulya kukasi lokupola.
– Salingile ale siti keveleli po ño kamwe?!
Vakevelela po vali okacinanla. Okuiya sekulu Luhaku, pana akuti wamanla okutanga ukanda, oyevala heti:
– Ondaka ndatambula… lombili yokulia yainda! Apa li ño, tulila kumosi kondalelo.
Umalehe Petulu, lesumuo kutima, puãi lesumbilo kumosi, wakumbulula losapi yondaka:
– A tate, siti watulongisile okuti hinse okutanga ovikanda cina okuti tulyanga okulya?
– Oco, a mola wange. Kacatavele okulikandangiya. Vangecele!
Gociante Patissa, kocila Colombalãu ko Katombela, Vombaka 10/08/2011 (yatayelwa okuamisako kelilongiso lyo okusoneha Umbundu)
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Cada mês corresponde a um facto
regional.
1 - Susu [sunsu]– Janeiro: (ponta).
2 - Kayovo – Fevereiro: (pequeno salvador). O feijão dos
altos e milho das baixas vêm mitigar a fome.
3 - Elombo – Março: Época
com muita lama das chuvas, e também mês em que se iniciam as colheitas.
4 - Kupupu – Abril: (de
pupula, bater) Mês em que se “bate o feijão” colhido em Março.
5 - Kupemba – Maio: (de
okupemba, espirrar) Despedidas das chuvas.
6 - Kavambi – Junho: (de
ombambi, frio) mês em que se começa o frio.
7 - Evambi linene – Julho: mês
de muito frio, podendo ocorrer geada pela manhã.
8 - Kanyenye [kanhenhe] –
Agosto: em quinze de agosto, o anúncio das chuvas e o começo da primavera.
9 - Nyenye -vava [Nhenhe]– Setembro: mês de chuviscos e
calor forte.
10 - Mbala-vipembe –
Outubro: dor dos campos baldios, preparação das sementeiras.
11 - Kuvala kwapupulu –
Novembro: (de Okuvala, doer e Kwapupulu, mosquito) mês em que o número de
mosquitos aumentam devido a humidade.
12 - Cemba-nyima [nhima]–
Dezembro: nega-se a recompensa: com as chuvas e o calor o capim dos campos atrofiam;
Não se vê o resultado do trabalho no campo.
domingo, 2 de outubro de 2011
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