O
verbo vem do tão simples Lingala - língua falada na RDC. Forçar a coisa é
passar por parvos, mais do que os usuários dos mesmos produtos. Como
bom falante da Língua - no caso Lingala - irei pôr aqui os pontos nos iis.
Primeiro: A origem etimológica dessa expressão vem dos bairros que aos inícios dos anos 90 vinham populando Luanda. Bairros como Mabor, Petrangol e Palanca(o reino). Verdade seja dita, muitos dos falantes de Lingala eram angolanos regressados depois do aparente calar das armas e o período das eleições de 92.
Tornando
a nós, o verbo em Lingala é Ko Pakola/Pakula (com base na origem do falante,
que venha este de Kinshasa ou de outras províncias diferentes da capital) que
significar PINTAR, detergir - ou um forçoso ungir. Exemplo: pode-se dizer
"Ko Pakola ndaku" que está a significar "Pintar a casa";
"Ko pakola mafuta" que significa "Ungir-se de Oléo"/"Deterger-se
de creme".
Este
verbo tem um diminutivo que o leva, ao invés do correcto Ko Pakola, a ser
simplesmente "Pakola". Onde vimos gente dizer: "Pakola/Pakula
Mafuta" querendo dizer "Deterge-te de creme".
Com
o passar do tempo o verbo tomou o significado comum com a qual nos debatemos
hoje, isto è, "Clarear-se a Pele". Então ao longo dos anos vimos uma
flota de gerações de mamãs - ditas Soeur ya Pùa - e jovens fazerem o uso da
mesma.
Segundo:
O sabão MEKAKO|| Este último tem um nome que superou muitos níveis de marketing
com que estamos habituados. Com um nome convidativo que estaria ao nosso:
"Experimenta Sò!" ou "Experimenta p'ra ver!" ou "Prova
só!" ou "E' só provar!" e por ultimo "Prova aì!"(ok,
confesso este é brasileiro. Eles colocam o "aí" em todo lado). Tornando
a nós. O MEKAKO era praticamente um desafio para quem duvidava. Você duvida? Experimenta
para ver! Esta é o significado e a origem.
Só
para dar mais uma informação inútil, mas que talvez ajudará em qualquer modo. O
MEKAKO - actualmente - é uma marca Italiana. É produzida pela AquimpexSPA na
cidade de Monza, vizinho a famosa província de Milão.
Tornemos, portanto, ao nosso problema.
Ocorre
sublinhar aqui, por último, que quem pretende dizer - com um grau forçoso digno
de um alpinista ou trepador de espelhos- que a origem da palavra é Ovimbundu
talvez queira entrar na prática fácil de atacar estes últimos e atribuir-lhes a
origem de todos "os nossos males".
No
entanto, do que sabemos, Pakular foi simplesmente o modo como os detractores da
prática chamavam a coisa. De um lado, por falta de um termo próprio para
traduzir a mesma e por outro lado por mera ignorância.
2 ondaka twatambula- comentários:
Já no tempo do ditador Mobutu, a descoloração da pele era quase uma obsessão de muitos zairenses. Não só de mulheres, mas também de alguns homens. No entanto, como a suposta ideologia política do regime era baseada na "autenticidade", a venda de produtos descolorantes da pele era proibida no país, porque ia contra essa mesma autenticidade.
O fruto proibido é o mais apetecido. O que não se conseguia comprar pelas vias legais, comprava-se pelas ilegais. Assim, era contrabandeada uma grande quantidade de creme Ambi de origem sul-africana, através da fronteira de Angola para o Zaire, para ser vendido neste último país. Em Angola, a venda do creme era permitida, mas só uma ínfima minoria de senhoras o usava. A esmagadora maioria dos angolanos estava de bem com a sua pele. No Zaire passava-se exatamente o oposto. Enquanto as rádios de Kinshasa, Lubumbashi e outras cidades repetiam "ad nauseam" os discursos do ditador a enaltecer a autenticidade, muitos e muitos dos seus "citoyens et citoyennes" não se poupavam a despesas e sacrifícios para clarear a sua pele, muitas vezes com resultados absolutamente desastrosos.
Quando numa rua de Maquela do Zombo, por exemplo, nos cruzávamos com uma pessoa que tinha a sua pele clareada, essa pessoa era garantidamente zairense. É que era mesmo; não havia possibilidade de engano. E viam-se muitas pessoas com esse aspeto nas ruas da vila. Todas elas eram zairenses, que entravam em Angola para fazer compras, inclusive de Ambi.
Pois, parece que tal alienação naquele meio tem "evoluído" de tendência à prática cultural,caro Fernando. O pior é que a obsessão não lhes permite (aos utentes) notar que um tom claro artificial não passa despercebido. Com o devido respeito que me merecem os tocoístias, por exemplo, é de longe evidente que o representante máximo de uma das alas em Angola anda a descolorar a sua pele, mesmo que se considere a si próprio reencarnação de Simão Toco e este por sua vez semelhança de Deus.
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