segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


É um dos factos que pode ser retido da leitura da obra “Os Ovimbundu de Angola. Tradição, Economia e Cultura Organizativa” do sociólogo Moises Malumbu, atualmente, acomodado no Vaticano, livro que acaba de reeditado em Roma, nas Edizioni Vivere In.
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Por: Simão SOUINDOULA, Historiador e Perito da UNESCO
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Estalando-se sobre 358 páginas e prefaciada pelo Professor Manuel Laranjeira Rodrigues de Areia, da Universidade de Coimbra, esta publicação e constituída de três partes, essenciais, segmentadas numa quinzena de capítulos.
Este conjunto e completado por uma serie de mapas, particularmente, instrutivos, tais como o do espaço de evolução proto-histórica dos Ovimbundu, da integração dos Jagas, a carta, pouca aproveitada do francês Guillaume Deslile, de 1708, das famosas rotas comerciais, da sua expansão ate meados do seculo XX, da sua articulação com o leste produtor da neo-esclavagista borracha k’ovava ekenha e da sua vintena de chefaturas, a exemplos do Mbalundu, Ndulu, Viye, Wambu, Ngalangi, Kakonda, Kalukembe, Tchikuma e Tchikaya.
Malumbu, doutor na Universide Angelicum da Cidade Eterna inseriu, na sua obra, o famoso quadro, recapitulativo, de autoria de Childs, sobre os reinados de mais de 200 Elombe em cinco dos mais importantes Usoma, de 1650 a 1700 ou 1750.
Por não ter tido acesso ao nosso estudo sobre « Migrações, fusões e fundamentos históricos antigos dos povos bantu ocidentais’ publicado na Muntu, n 2, 1er semestre 1985, sobre a nossa hipótese de constituição anthropo – linguística, genesis, pré - ovimbundu, Malumbu insiste, com razão, na viril fagocitose dos rudes guerreiros Jagas nas entidades sociais dos Planaltos, sobretudo depois da sua expulsão do Kongo e a sua imparável descida para as regiões do centro e sul.
Com efeito, os Ayaka imprimiram uma nova dinâmica política, militar, comercial, social e religiosa aos tranquilos Planaltos. Perpetuarão, naturalmente, o eixo, nortenho, o do olongoya, sobretudo com seus irmãos, notoriamente, assimilados, os Imbangalas de k’Ekole lya Kasandji, com a sua próspera, esclavagista, Feira.


UP-COUNTRY

Fontes portuguesas atestaram, facto confirmativo, neste mercado, que os Iagges de Cassanje se confundiam com os Ovimbundu.
O autor, natural da localidade de Sangeve-Tchipindu, no Planalto da Huila, avança uma prova, complementar, da presença dos Ovimbundu na Feira, a dos enérgicos Quimbares ou Quimbali, etnónimo, sucedâneo, a Ovimbundu.
Silva Porto precisa que esta designação era atribuída, indiscriminadamente, aos oriundos do Bie.
O termo vem do umbundu, ovimbali, que designa aqueles emigrantes que se afastavam das suas regiões de origem para se fixaram, definitivamente ou por longos tempos, em zonas urbanas.
São, na verdade, ovimbundu, que se tornaram Vakwanano, pessoas do norte.
Essas migrações terão, naturalmente, reflexos, nas concordâncias antroponímicas e toponímicas entre os Etapi e o Nano.
Encontram-se, então, os apelidos tais como Mwekalya, Mwelelumbo, Ngalamboli , Tandala, Ukwetambo, Ndambi, Elembe e Kalembe.
E evidente a similitude dos topónimos Quibala com Tchipala; Cela com Tchela; Amboim com Mbwyi.
Essas similitudes que são inevitáveis com moldura bantu, arrastando centenas de convergências de caracter antropológico, tocam, igualmente, particularidades umbundu tais como o ekende, o pão ázimo, que ultrapassou as limites das “Montanhas”.
A cessação do tráfico negreiro transatlântico, nas últimas décadas do seculo XIX, numa suposta colonia, mas que só produzia upika, conjugada a tradicional forte densidade demográfica nos Planaltos, teve como consequência, uma maior movimentação da mão-de-obra umbundu para o up-country, na construção de infraestruturas tais como as dolorosas estradas e os penosos caminhos-de-ferro assim como a colocação forcada ou assalariada nas imensas rocas de café e nas infinitas plantações de algodão.
Serviçais ou contratados umbundu foram, igualmente, introduzidos na armadilha são-tomense.
O vivificante derrame humano, secular, registado a partir generoso “Kunduvula Ochyakati” e que Moisés Malumbu realça, deve ser considerado como uma das linhas históricas, decisivas, para o fortalecimento da Nação – Quadrilátero.
Por
Simão SOUINDOULA
Historiador e Perito da UNESCO
C.P. 2313 Luanda  (Angola)
Tel. : + 244 929 74 57 34

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