quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Foto: gentileza de Edson Tadeu Bastos, ele também
um dos laureados (categoria de artes plásticas)

Fiquei à espera que meus amigos me mandassem fotos de ontem da outorga do Prémio Provincial de Cultura e Artes em Benguela. Devem estar a retemperar as energias.

Tenho recebido parabéns por ter sido indicado pelo júri para a categoria de ciências sociais e humanas, "pelo contributo na divulgação da língua local Umbundu, na perspectiva das tradições orais, através do conto e das novas tecnologias de comunicação e informação”. Não tinha a certeza quanto ao que seria a reacção do público, mas até agora tem sido de encorajamento. A família está sempre perto.

Entre outros, recebi agradecimentos de Alberto Ngongo por, uma vez mais, dignificar o Lobito; Recebi elogios por me assumir natural do Monte-Belo, Bocoio (meu documento diz natural da Equimina, Baía Farta); recebi abraços do bairro da Santa-Cruz, onde morei entre 1997-2008. Abracei Délio Batista, autor da capa do “Consulado do Vazio”, meu livro de estreia; abracei o Sr. Grilo, da tabacaria, Avelino Henriques, meu professor do curso intensivo de jornalismo em 2005. De Lilas Orlov recebi bom telefonema.

Vários outros gestos de carinho continuam a chegar, mas julgo que os parabéns pelo prémio, no meu caso, são fundamentalmente para o júri.

Primeiro, porque a literatura, ao contrário da música, não é tão fácil de acompanhar. A divulgação, sendo ainda débil, não contribui para que o público conheça o nosso trabalho como devia ser. Reparem que o livro de contos "A Última Ouvinte", editado em 2010 pela União dos Escritores Angolanos, onde está presente a tradição oral africana, já não existe em Benguela, esgotados que estão os quase 200 exemplares.

Somado a isso, o Jornal Cultura (das Edições Novembro), bem como a Revista Tranquilidade (do Comando Geral da Polícia Nacional), veículos em onde tenho crónica e ensaio publicados, não chegam ao grande público. Os blogues Ombembwa e Angodebates, onde partilho o que recolho da tradição oral africana, existem há mais de quatro anos, mas sabemos bem que poucos angolanos têm acesso à Internet, ou, se o têm, dedicam atenção à leitura de coisas do género. Em Abril realizei e conduzi na Rádio Benguela o "Espaço Literatura", meia hora semanal entre o livro e a tradição oral africana, o qual acabei suspendendo ao cabo de quatro sessões. Mas não é só isso.

Segundo, porque, sem deixar de considerar o espírito de equipa e a dimensão do patrono do prémio, a Direcção Provincial da Cultura, acredito que fez muita diferença, na minha indicação em particular, o papel de Armindo Jaime Gomes "ArJaGo" (historiador, docente, escritor, e editor). Como um dia me disse José Patrocínio, "em certa medida, as instituições não existem, senão em função das pessoas que as representam".

Estaria a faltar aos meus grandes deveres não mencionar isso. E continuarei nessa senda cosmopolita de dar e receber cultura por via da literatura e comunicação social.

Abraços
Daniel Gociante Patissa, Benguela 09.01.2013

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Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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