quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Foto de autor desconhecido
Como a estação chuvosa tinha sido fraca, a aldeia vestia-se de carência. Pirão de milho ou de bombó à mesa? Quanto luxo! O povo comia mesmo era pirão de batata-doce, jocosamente conhecido por alcatrão, dado o tom castanho torrado.

Para piorar as coisas, o frio tem o hábito de tornar a rama (folhas de batateira) amarga, de sorte que pouco sabia para conduto. Infelizmente, o caudal do rio andava perto de seco, tornando impossível a pesca continental. O talho do velho Mango até tinha alguma carne, mas só para os ricos, nada tendo de valor os aldeões comuns com que permutar.

Entretanto, é em tempos difíceis que os actos de bravura mais se evidenciam. E para desafiar a crise, lá os homens todos da aldeia decidiram realizar a caça colectiva. Uns ateavam fogo ao capim, outros agitavam os animais escondidos, enquanto os demais empunhavam flechas e azagaias, ajudados por cães – cujo tributo não passava de osso limpo e míseras tripas, quando sobrassem. A carne devia ser repartida em iguais porções. Festejava-se cada regresso, não tanto pela quantidade, mas porque a aldeia via na caça uma escola de transmissão de valores e costumes entre gerações.

Mas houve alguém que achava que, caçando só, mostraria mais valentia. Além do mais, como não teria que dividir a carne, mesmo que abatesse um só coelho, bem chegaria para uma refeição com a família. Chamava-se Kameia. Foi então que, em mais um dia de caça, Kameia foi espreitar na sua “etambo” (cubata dos espíritos) para agradecer aos antepassados. Deixou lá ficar uma bola de pirão e, já cumprido o ritual, seguiu.

A mata estava mais calma do que o habitual, só os pássaros ofereciam a sinfonia natural ao vento. Não se viam borboletas. De repente, Kameia ouve um barulho, olha à sua volta e vê um tigre. O bicho procurava escapar da perseguição de um leão que estava decidido a matar o inferior hierárquico para não morrer a fome. O caçador, em pânico, não acabasse ele em ementa para os bichos, agarrou-se à mais alta das árvores ali perto. O tigre, desesperado, fez o mesmo. Só depois de atingir o topo, o tigre notou que um pouquinho abaixo estava um homem agarrado a um galho. Como o leão não podia trepar, deitou-se ao pé da árvore, certo de que o cansaço e a fome fariam a presa descer.

Depois de se acalmar, o tigre concluiu que, fazendo cair o homem, o problema do leão estaria resolvido. E começou a pisá-lo na cabeça, cada golpe mais violento que o outro. Mas o homem tinha o medo para resistir. Enquanto isso, o leão, sem pressa, já lambia os bigodes antecipadamente, imaginando o bom apetite que teria ao degustar o tigre.

Cada vez que olhasse para baixo, o tigre empurrava com mais força ainda o caçador que, em retaliação, cortava o galho onde estava pendurado o tigre. A cena repetiu-se até que o galho cedeu. Caíram o galho, o tigre e o Kameia para o chão. Tão grande foi o estrondo da queda, que o leão julgou tratar-se do fim do mundo. Inconsciente, desatou a fugir. Mas não fugiu só ele, fugiram também o tigre e o caçador.

Moral: Para cada corajoso, o seu medo.

Adaptação de Gociante Patissa, recolha de Amós Patissa. Publicado inicialmente no Boletim “A Voz do Olho” Veículo Informativo, Educativo e Cultural da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade). Lobito, Dezembro/2007

quarta-feira, 27 de novembro de 2013


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

EPISTEMOLOGIA ARTERIAL

Um dia questionamos
o sentido dos sentidos
se algum sentido faz
apregoar a irreversibilidade do tempo
quando pouco menos tem de espaço
para manobras
o ponteiro
senão a circunferência do quadrante.

Um dia questionamos
o sentido dos sentidos
se algum sentido faz
baixar a guarda ao sentimento
na mesma direcção
quando quem madrugou
não soube voltar.

Um dia questionamos...

Gociante Patissa, Benguela 13 Novembro 2013

a sua pré-adolescência e juventude, à parte a militância política, foram marcadas por uma conduta mais ou menos insólita, tratando-se de uma aldeia com predominância cristã. Quando os demais se divertiam praticando o futebol, ele e um primo seu passavam o dia a vestir, ensaiar e sobretudo animar com batucadas características na dança do "Ocinganji", feitos agentes culturais, esquecendo o mundo à sua volta, o que incluía o horário das refeições. Mergulhavam de toda a alma. Estamos a falar do meu pai, pelo que a minha militância pela tradição oral, mesmo tendo deixado o meio rural aos sete anos, está explicada! hahahah


terça-feira, 22 de outubro de 2013

"Cananga mo ceci: olongombe vipokola komunu; omunu ka pokola kwisya yaye" (O que me complica é que o boi é obediente ao ser humano; o ser humano desobedece ao próprio pai) - da música "Nakalngu" de Kupeletela.

Chama-se Kupeletela a voz emergente mais popular na música nos palcos do município do Bocoio, Benguela. O nome, adoptado de uma parábola que na língua Umbundu ilustra a dialéctica da vida, resume-se no seguinte significado: Se vou dormir, perco o convívio; se fico no convívio, perco o sono. Enquanto os apoios não chegam, Kupeletela segue mostrando o que faz e pode vir a fazer, fazendo circular no restrito meio do município e aldeias o seu carisma. é certamente uma voz a ter em conta no que se refere a temas de recolha e divulgação de hábitos e costumes da etnia Ovimbundu, sem perder de vista a observação social de todo um país. Sem variar muito de temática, Kupeletela busca versatilidade de estilos, praticando sungura, o afro house e algum ku-duro. Olhemos para este emergente talento, que é certamente um limão com muito sumo ainda por dar. gociantepatissa@hotmail.com


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Chama-se Kupeletela a voz emergente mais popular na música nos palcos do município do Bocoio, Benguela. O nome, adoptado de uma parábola que na língua Umbundu ilustra a dialéctica da vida, resume-se no seguinte significado: Se vou dormir, perco o convívio; se fico no convívio, perco o sono. Enquanto os apoios não chegam, Kupeletela segue mostrando o que faz e pode vir a fazer, fazendo circular no restrito meio do município e aldeias o seu carisma. é certamente uma voz a ter em conta no que se refere a temas de recolha e divulgação de hábitos e costumes da etnia Ovimbundu, sem perder de vista a observação social de todo um país. Sem variar muito de temática, Kupeletela busca versatilidade de estilos, praticando sungura, o afro house e algum ku-duro. Olhemos para este emergente talento, que é certamente um limão com muito sumo ainda por dar. gociantepatissa@hotmail.com

Chama-se Kupeletela a voz emergente mais popular na música nos palcos do município do Bocoio, Benguela. O nome, adoptado de uma parábola que na língua Umbundu ilustra a dialéctica da vida, resume-se no seguinte significado: Se vou dormir, perco o convívio; se fico no convívio, perco o sono. Enquanto os apoios não chegam, Kupeletela segue mostrando o que faz e pode vir a fazer, fazendo circular no restrito meio do município e aldeias o seu carisma. é certamente uma voz a ter em conta no que se refere a temas de recolha e divulgação de hábitos e costumes da etnia Ovimbundu, sem perder de vista a observação social de todo um país. Sem variar muito de temática, Kupeletela busca versatilidade de estilos, praticando sungura, o afro house e algum ku-duro. Olhemos para este emergente talento, que é certamente um limão com muito sumo ainda por dar. gociantepatissa@hotmail.com

sábado, 12 de outubro de 2013

O topónimo BIÓPIO, comuna do agora município da Catumbela, é corruptela de “VIHÔPYÔ”, nome Umbundu para uma espécie de parasita veluda que resulta da coabitação entre humanos e animais domésticos, muito comum nos lares rurais. Outra curiosidade, a localidade é também chamada de “KAMBUNDU” pelos naturais (ou nativos, para usar aqui designação da época colonial referente a populações não assimiladas), sendo “kambundu” neste contexto uma espécie de infecção que se assemelha à sarna e que afecta o couro cabeludo. Portanto, deve haver peste na origem do Biópio (Vihôpyô).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O regime colonial, que tanto mal às nossas línguas e à estrutura familiar dos nossos avós fez, manteve o "K" de Katombela, talvez por reconhecer que se trata de palavra com origem em outro idioma de matriz Bantu (não forçosamente latina). Quando somos já soberanos, em pleno século 21, ouvimos falar de um projecto de lei do Ministério da Administração do Território em "dizimar" o "K", "Y" (e porque não o "W") na toponímia. Assim, o KK de Kwandu-Kuvangu passa para o museu, que o que manda mesmo é o "C", tal como em Kanjala. Como digo, de tão iguais que nos esforçamos enquanto herdeiros da assimilada civilização, perdemo-nos. Para que serve o esforço no ensino das línguas nacionais no sistema formal, se aos poucos se legitima oficialmente a aniquilação da memória destas? Segue-se uma matéria sobre o assunto

Nova toponímia do MAT é ilegal
23-09-2013 | Fonte: Jornal OPAÍS
A nova toponímia da divisão político-administrativa de Angola, lançada recentemente pelo Ministério da Administração do Território (MAT), ainda não tem qualquer suporte legal para a sua implementação, segundo declarações prestadas a O PAÍS pelo director do Centro de Documentação e Informação (CDI), deste órgão, Antunes Guanje.

O documento, elaborado pela Direcção Nacional de Organização do Território (DNOT), que pretende devolver a toponímia antiga a várias localidades (municípios e comunas), só será aplicado depois de ser aprovado pelas autoridades competentes, mormente o Conselho de Ministros, segundo Antunes Guanje. “Ainda nada está oficializado, se calhar o documento carecerá de mais contribuições”, resumiu. 

Segundou apurou O PAÍS, os estudos feitos sobre a toponímia, basearam-se na uniformização da grafia sobre a divisão política e administrativa do país, segundo um documento enviado a este jornal em Julho do ano em curso pelo Centro de Documentação e Informação. De um total de 161 municípios que constituem a carta geográfica do país, à excepção da província de Luanda, a maior parte alterará a sua grafia actual.

Como publicou O PAÍS, na sua edição de 23 de Agosto, a nova grafia do MAT extinguirá letras como o “K”, que é usado na escrita do nome de vários municípios e comunas. Haverá também a aglutinação de vários nomes, que na actual grafia não se faz sentir. A maior parte destes nomes deriva de línguas nacionais.

Aliás, após à conquista da Independência Nacional, em 1975, muitas localidades que tinham nomes aportuguesados voltaram a ter os seus nomes originais um pouco por quase todo o país. A devolução de uns e a aplicação de novos nomes basearam-se em factores histórico-culturais e políticos de cada região do país. Como é o caso da legendária cidade de Mbanza Congo, que com a chegada dos portugueses passou a designar-se de São Salvador, o Soyo, como sendo Santo António do Zaire. Menongue (Venongue), Serpa Pinto, Nankova, ex-Vila Nova de Armada. 


(...) Certa vez, abriu a cabeça a uma pioneira, o que a fez passar à vítima. E como Ndulu era todo azares, as queixas caíram nas mãos do Camarada-professor-kambuta-comunal. Severino Paulino, de seu nome completo, chegava a ser severo a dar com pauzinho.
— Quero aqui a tua mãe amanhã, Ndulu!
— Não vai dar, camá-prussó.
— Não o quiêêê?
— Não vai dar. A mamã está incomodada. — mentiu, com cara de meter pena, esperando ser perdoado. Inventou a doença da mãe. Tinha vergonha de ser vista pelos colegas, por causa daquele problema do lixo nos dentes e só falar Umbundu. Mas o resultado lhe saiu pior que a emenda. O Camarada-professor-kambuta-comunal era mesmo duro.
— Então traz o papá, como é você então?!
— Não tenho, camá-prussó, a minha mãe é hortelã…

Uma rajada de gargalhadas ensurdeceu a turma. Ndulu quis dizer que a mãe era viúva, substantivo que, à semelhança de hortelã, em Umbundu se diz "ocimbumba". Mas viúva era palavra rara nos livros da primária, vai daí ser por ele desconhecida. A gargalhada prolongou-se com a cumplicidade do professor, deixando Ndulu acabrunhado. Depois, silêncio. Outra vez risadas. Ouviu-se do fundo da sala uma voz indisciplinada (...)

Gociante Patissa, trecho do conto MINHA MÃE É HORTELÃ, um dos 13 que compõem o livro de contos FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS, já no prelo, com publicação provável em 2014

PS: a da foto é uma tia minha, nada tendo a ver com o texto, que é ficção pura.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

cana-de-açúcar, batata doce, maçaroca, mandioca

(...) Se dependesse da mãe, ele teria outro nome de registo, qualquer um que não fosse Virgulino Kaendangongo. A mulher sabia minimamente a função gramatical de uma vírgula, aquele pontinho arqueado para trás, que a tudo torna inconclusivo.Entrava também nos debates do casal o presságio em Kaendangongo, que na língua Umbundu significa eterno sofredor. Que mãe auguraria isso para o próprio filho? Seu marido, porém, tinha outra tese proverbial, a qual defendia com efusiva contumácia: «ka mwinle ongongo ka kolele» (quem não sofreu não amadureceu). Assim sendo, filho seu, porque talhado a singrar, faria do sofrimento parte de sua identidade. (...) - Gociante Patissa 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013


UMBUNDU: "Akovi vaco votembo yilo okuti ka kuli ombela, olinga mwenle felule, felule, seti ofelula ekonjo". 
PORTUGUÊS: As couves desta fase da falha de chuvas, obrigam-te a ferver, ferver, como se fervesses pata [de quadrúpede].

quinta-feira, 26 de setembro de 2013


Desobedecendo-me a mim mesmo quanto a não mais viajar a passeio por estrada, dei por mim ao volante para o Chongorói. É certo que a sede do município não é lá tão fotogénica quando temos poucas horas para a desvendar, mas a boa condição do asfalto compensa, já que fisicamente o desgaste é pouco ao cabo de duas horas à velocidade mediana de 90km/h. 

Chongorói é o último município a sul da província de Benguela, por isso fronteiriço relativamente à Huila, que começa logo pelo vizinho município de Kilengues. À semelhança da toponímia dos municípios do MBalombo, Katombela e Kuvale (Cubal), vem de um rio o nome do município, no caso Congoloi [t∫ongolo:i].
 Ao longo da via, o turista logo percebe que a principal actividade da população é certamente agropecuária, o que recomenda algum cuidado ao volante, não fosse a berma o pasto de bois, ovelhas e cabritos. Quanto à produção agrícola, coloridas bacias de limão à beira da estrada convidam os bolsos, dos duzentos aos quinhentos kwanzas. Já na praça (entenda-se mercado informal), várias galinhas à venda reforçam o quadro.
Por falar em praça, os músicos e demais fazedores e amigos da arte que se identificam com o combate à pirataria podem ficar alegres, já que não se vendem discos, tal é o cerco da polícia económica. Discos originais também não se encontram à venda, o que ficará a dever-se ao relativamente fraco poder de compra, já que mil kwanzas não são bem um “troco sujo”. Mas pelo que constatamos, o resultado visível do combate à pirataria pode ser apenas sol de pouca dura, pois lá estão duas barracas (igual número de computadores portáteis) vendendo música digital via pendrives e cartões de memória para uso em telemóveis, viaturas e afins.
Crianças na escola e adultos no campo, no comércio ou no proletariado fazem jus ao dia produtivo.
Um abraço e até à próxima paragem!

Gociante Patissa, Chongorói 25 Setembro 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013


domingo, 22 de setembro de 2013

"IMO LILIMÃILWA; OKULILANDELA, OSETEKO NÕ" (A barriga é por norma sustentada pelo cultivo; isso de viver, onde tudo tem de ser comprado, é provação) DIZERES em Umbundu DE UM ANCIÃO quanto a adaptar-se à vivência fora do campo. Recolha de Amos Chitungo Gociante Patissa

sábado, 7 de setembro de 2013


Obrigam-nos a panela (ombya), mais o "ongonjo", algo feito de pau para transportar agua e não só, mais "onungi yovava", recipiente de ágia. "Tucambata ndati?" Como vamos levar? É lamento do colonizado/explorado, de quem se esperava carregar tanto objecto. Daí a pergunta de retórica: Como podemos levar tudo isso?


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Contributo de Noely: "Kombya", na panela, "kongonjo", é algo feito de pau para transportar agua, "konungi yovava", algo construido com água, konungi, construído , yovava com água. "tucambata ndati?" como vamos levar? É um proverbio, a panela é algo metálica ou de barro ongonjo é feito de madeira ou seja pau. todos estes instrumentos servem para transportar agua, porém ongonjo não dá para ser posto ao lume. 

Afirmativo! É lamento do colonizado/explorado, de quem se esperava carregar tanto objecto. Daí a pergunta de retórica: Como podemos levar tudo isso?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013


"Cakusanga vuti, linga eti ndimunu, ku kalinge eti ndi nde" (provérbio Umbundu) - Seja lá o que for que te encontrar na árvore, diz mesmo que és pessoa, nunca que és colmeia.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

(Umbundu) Tusokololi: TUPOKIWA, ALE SYO, KOLONEKE VYEKAMBO?

Vakwetu, tambuli ovilamo vyetuyu vyukamba kwenda ongeva. Kalungi!

Tulisanga vali locimahõ cokuvangulapo kovituwa vyetu vyutundasyahunlu, ndowíñi wepata lyovimbundu, esinlã lya va Bantu. “Okupoka” calomboloka okupongiya okavinomanoma kokulya eci tutambula akombe. Nda ocisangwa, nda osanji, vyosi ño vina okuti tupongiya oco tulekisa ungavi kwava veyila ovokombe, cityama kokupoka.

Awiñi owo awiñi vakwete okavituwa okuti citava kalitepa naito, pwãi ungavi watanda ko. Akulu vapopya vati “ukombe elende, ndopo yaco lipita”; nda wotata lãnvi, onduko yove yikayevalisiwa lovinja ka vyaposokele. Twakulihã okuti casyata vo osanji okutelekiwa okuti vyosi olonepa vyenda komesa. Ukombe eye onõlamo evi vikola. Haimolumwe, ofetikila vokuvenja vetiyela, okutala nda olonepa vyosanji vyaswapo, ndeci: utima, ovãlã, olongonjo, pamwe evava, utwe, ocikalo, ukutu, uhunyunyu. Omo okuti ka cakulihinlwe nda ukombe okasilapo vakwavo, vyakwavo olombelela vipongiyiwa vo, ndeci ocipoke ale amenlã.

Ociholo eci ndeti cikisika akulu okulonga omãlã vavo, omo okuti ha lonjanja vyalwa ko okuti ocinyama cipondiwa ndombelela yeteku vonjo, osimbu okuti esolo lyositu komãlã ka lipwi. Nda ka lyavalombolwilwe esesamenlõ ale omoko yukombe, cikoka veya vapopya ale valekisa ocituwa cenyeño, ciya cilinga ndocinja cinvi.

Ocili okuti omwenyo wovolupale watinlã. Olusapo walinga ati, “ohombo yilya opapelo, omunu olya olombongo”. Olonjanja vyalwa okuti omanu vapitinla petosi lyokutenda teke la teke oloneka vyosema vikasi pohuta. Ha coko pwãi utundasyahunlu wetu tulinga epata lyolongunja, lyokufuka ovinyama, ale lyakongo. Wapopya walinga ati “casupa oco catenlã”. Wakwavo wavokiya okuti “nda cipwa cipwe, ocipa ha nanga ko”.

Ove enda ovokombe kovaimbo tê okwata uloño, omo okuti omanu vatunga pamosi, osimbu okuti njo la njo wiya otelinsa ocikele cokupoka. Tusokololi ndamupi ove ocipanga nda olonjo cisoka vitãlõ vyakupondela osanji. Osapi yondaka yeyi okuti elonga olyo elonga likwete okumahiwã, kavela ño nda walyako kamwe-kamwe.

Kulima wa 2005, ndatenlã okwenda kwalunda vo ko Sambu, vimbo lyo Cikala Colohanga, vocivanja co Wambu. Twakala endo lyapulisi vo cisoko co Save the Children, okulavulula omãlã volosiwe kwenda usuke, vana vamãla okutyuka kofeka yo Zambia. Owiñi owo watambowaile ekwatiso lyo PAM (Programa Alimentar Mundial), pwãi kovaso yaco ocisoko oco ndoto co ONU ceya okweca mo.

Ekisika twatambula kovihandeleko vyo Save the Children lyokuti lacimwe ondinga upage yikatambula peka lyowiñi. Okutala ale ekalo lyusuke, lovo vo ava tweyila ka vakwete caco cokweca. Omãlã vakwatele anyamo vasoka eceya vayoka akala oco vatekule olonjali kwenda vainakulu yavo. Volosãi epandu, kwakala olonambi visoka ekwim le pandu vyoloñanã. Twakala ko osimanu, lokukulihinsa ekalo. Olonjanja vimwe twapitinlã petosi lyokupwenya aswenlenlã omo lyohali yolonyitiwe vyofeka yetu. Pwãi peteke lyokutundako, Soma watwavela olosanji vivali kwenda apako, ndeci olonjatona vivali vyocipoke kwenda okacitina. Kaliye tulinga ndati? Tutambula, ale syo?

Pokavindi, twapinga ukulu vendo lyetu oco alombolole okuti, catete, ohali yavo tuyiyevite kwenda ka tukwete utõi wokutambula. Cavali, tukwete ocihandeleko cokuti ka tweyilile ovokombe, tweyila upange, twalaika okufetiwa. Soma pwãi wakumbulula ati oco elamba! Lalimwe ekumbi omunu akatundile ovoko pimbo lyaye!

Ove umalehe weya ovokombe, kwenda okainda ungende vusitu, citava osumwisa Soma? Cilinga esunga, twakwata eci casupile po vohuta yetu, ndeci o lata ya senjele, o ngalate yo gasosa, olwoso, omasa, ulela wokutombeka, omongwa, onjapaum, ombisi yakukuta, kwenda vikwavo okavinomanoma kalolapo mwele, oco twava. Okucipanga oselo, mbi ndaño kolokwanja visoka ekwim kolohulukaim catenlã.

Ondaka tunõlã po yeyi okuti okupoka kutunda kuvakukululu yetu, yatyama kokulya okuti, nda ku kuli vovokombe, okwambata. Pwãi, kuli olonjanja vyokuti ukombe ka liyevite ciwa omo lyohali asanga peka lyongavi.

Gociante Patissa, Katombela, veteke lya 25 kosãi ya Kavambi Kanene, vulima wa 2013
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(Português) oratura: ACEITAMOS “OKUPOKIWA”, OU NÃO, EM DIAS DE CARÊNCIA?

Companheiros, queiram aceitar nossas saudações de amizade e saudades.

Cá estamos de novo para abordar aspectos da nossa tradição oral, enquanto Ovimbundu, povos de raiz Bantu. O verbo “Okupoka” refere-se à preparação de bens alimentares para presentear visitas. Pode ser“ocisangwa” (ou quissângua, como mais facilmente poderá ser entendido), galinha, enfim, tudo aquilo com que mostramos hospitalidade, tem a ver com “okupoka” (dar) ou “okupokiwa” (receber).


domingo, 21 de julho de 2013

Foto: JA
NR: Foi com tristeza que ouvi numa música de um jovem /ombwembwa/ para dizer paz. Se fosse inglês ou francês, claro que se preocuparia em pronunciar correctamente. É "OMBEMBWA", caramba! Deu cá uma vontade de lhe mandar fazer cópias, como na primária. Outro novo sembista "apressado", que reinventou tema do grande Waldemar Bastos, foi cantar Magalita, /wenju kulo/. Mas wenju, o quê? Frase tão simples no modo apelativo. "Enju kulo", quer dizer vem cá. Concluindo, cantar línguas nacionais sim, mas com a devida correcção. A seguir, matéria do Jornal de Angola 

Artista quer músicas em línguas nacionais

O músico angolano Gaby Moy aconselhou na quinta-feira, em Luanda, os músicos a incluírem nas suas obras discográficas temas em línguas nacionais, de forma a valorizarem a cultura nacional. Em declarações à Angop, o músico afirmou ser importante que se interpretem temas nas várias línguas para que haja, por parte dos mais novos um certo interesse no kimbundo, umbundo e kikongo. 


segunda-feira, 15 de julho de 2013

O "romance", amenlã vasoka 121. Oselo yaco tusima tuti 1000 Kwanzas

sexta-feira, 12 de julho de 2013


Texto e foto: Jornal de Angola - O director do Instituto Nacional de Línguas Nacionais, José Pedro, revelou em Benguela, que o Conselho de Ministros aprovou seis línguas nacionais que vão ser estudadas.

Falando no segundo dia de trabalho do Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Cultura, que terminou quarta-feira na cidade de Benguela, José Pedro acrescentou que uma resolução do Conselho de Ministros aprova os alfabetos e regras de transcrição do Kimbundo, Umbundo, Kikongo, Chokwé, Oshikwanhama e Bunda.

O director do Instituto Nacional de Línguas Nacionais revelou que um outro estudo recomenda o reconhecimento de alfabetos e respectiva transcrição do Nganguela, Herero e Koisan. “Os estudos destas línguas estão concluídos e aguardam pela aprovação dos seus alfabetos”, anunciou José Pedro. 


Relativamente ao mapa linguístico de Angola, o director do Instituto Nacional de Línguas Nacionais refere que os utilizadores dos grupos Koisan, pré-bantu e bantu, consideram as respectivas línguas igualmente como línguas nacionais.

A inserção das línguas nacionais no sistema de ensino depara-se com diversos entraves, uma vez que os seus utilizadores consideram as variantes igualmente línguas nacionais. Como experiência piloto da inserção das línguas nacionais no sistema de ensino, o Instituto começa sempre pela variante padrão, enquanto realiza estudos sobre as outras variantes.

Harmonização gráfica


Segundo José Pedro, o trabalho de harmonização da grafia das línguas conta com o apoio do Centro de Estudos Avançados de Cape Town, da África do Sul, que colocou à disposição do Instituto Nacional de Línguas Nacionais, investigadores da Zâmbia e Namíbia. A instituição produziu recentemente alguns trabalhos sobre léxicos de base, temáticos e gramáticas técnicas. Os trabalhos contam com o apoio da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto e de especialistas de países como a República Democrática do Congo, Zâmbia, Congo-Brazaville e Namíbia. 

A investigação científica nos domínios da Cultura, formação, ensino, fomento das artes e diplomacia cultural, foram os temas em análise no segundo dia de trabalhos do Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Cultura.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Foto de autor desconhecido
Quis o destino que a família Macaco habitasse numa árvore na margem do rio Catumbela, onde seria fácil cuidar da higiene e a comida abundava.

Estava o Macaco a fazer a barba, numa bela manhã, quando recebeu uma visita muito animada:
– Bom dia, caro Macaco! – saudou, eufórico, o Jacaré – Concluí que temos de ser amigos.
– Estás maluco ou quê? – retorquiu o Macaco – Somos vizinhos e isso BASTA!
– Está aí um ponto que tenho de discordar contigo, Sr. Macaco…
– Mas discordar como, ó Jacaré? – interrompeu – Se tu és incapaz de trepar a mais baixa das árvores, que amigo hei-de ser para ti, eu que mal sei nadar? – refilou o Macaco.

A troca de argumentos continuou. E como era já meio-dia, o Macaco chegou até a pensar que tudo não passava de truques do Jacaré só para «patar» o almoço da família do outro.
– Não vale a pena! Não é possível juntar o que a natureza quer separado – disse o anfitrião.
– Não concordo, Macaco! Não é justo culpares a natureza, quando o que falta é vontade. Ao menos tenta! Eu fico na água, tu na árvore, e construímos uma amizade forte como a vida – propôs o Jacaré.

Nasceu ali mesmo o pacto da amizade. Passavam-se os dias e fortalecia-se a relação. E num desses dias, surgiu o Jacaré com o mesmo entusiasmo e uma proposta na manga:
– Amigo Macaco, é já tempo de conheceres a nossa residência.
– Não sei se é boa a ideia, amigo Jacaré. Para mim estava melhor assim: tu lá e nós cá.
– Macaco, Macaco, não é possível negar-nos esse privilégio. Ao menos tenta! A minha casa fica lá naquela pedra, ao meio do rio, e levo-te às costas. Como vês, é de fácil acesso.
– E o Macaco aceita, pesava-lhe a consciência desagradar um fiel amigo.

Chegados ao meio do rio, vem a surpresa:
– Bem, Macaco, sempre achei que entre amigos não deve haver segredos… A verdade é que a minha mãe está gravemente doente e o único remédio que a pode salvar é coração de Macaco. Foi por isso que te trouxe cá… E sinto-me, como bom amigo, na obrigação de contar-te.
– Ai ééééé!? – exclamou o Macaco numa pausa de meio minuto – Só isso? Que falasses mais cedo! É que agora estou sem coração por uma questão de boas maneiras. Porque nós, macacos, quando levamos o coração brincamos muito mal em casa alheia; pulamos p’ra cá e p’ra lá… e mesmo você e a ilustre família não iriam gostar. Agora mesmo, temos de voltar à árvore para buscar o coração. RÁPIDO!
– Juras, Macaco?
– Ainda duvidas? Juro por mim e pela vida da “nossa mãe”, que pode morrer se nos atrasarmos.

O Jacaré dá meia volta e regressa em alta velocidade. Mal chegam, o Macaco pula e grita:
– Já viste um animal sem coração? MATUMBO! Eu é que bruxei a tua mãe, p’ra me matares?

O Jacaré perdia um amigo e a mãe no mesmo dia. O Sr. Macaco salvou-se graças à inteligência na hora do perigo. Por isso, em Umbundu, macaco chama-se “Sima”. “Sima wasima olondunge vio’yovola” [o macaco pensou, o juízo o salvou].

Moral da estória (lembrando música das Jingas do Maculusso): “sê prudente. Nunca se sabe, afinal, o que se esconde no peito de quem te abraça”.

(*) Adaptado naquela (2008) altura para o programa “Aiué Sábado” da Rádio Morena por Gociante Patissa (ideia original de autor desconhecido)

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

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